Quinta-feira, Março 28, 2024
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José Fernando Alexandre em entrevista

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O presidente do Conselho de Administração da Caixa Agrícola de Alcobaça e vogal do Conselho de Administração Executivo da Caixa Central diz em entrevista ao REGIÃO DE CISTER que a instituição tem sido capaz de escapar à crise no setor bancário devido à proximidade com os clientes e o tecido empresarial da região e, também, por não visar meramente o lucro. 

REGIÃO DE CISTER (RC) > Com 14 balcões, pode afirmar-se que a Caixa Crédito Agrícola Mútuo de Alcobaça é uma das maiores instituições da região?
JOSÉ FERNANDO ALEXANDRE (JFA) > Com certeza que sim. Para além dos territórios dos concelhos de Alcobaça e Nazaré, estamos também presentes no concelho de Rio Maior e de grande parte do concelho de Santarém. Estamos implantados há um século nesta região e somos também, necessariamente, uma instituição com uma dimensão geográfica relevante. Isso torna-nos numa instituição de referência para este território, o que representa uma grande responsabilidade.

RC > Como tem sido gerir um banco desta dimensão?
JFA > Gere-se com saber e muito trabalho. É preciso estar sempre muito atento ao que se passa na região. As Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, um pouco por todo o País, pretendem ser os motores de desenvolvimento de cada região onde se inserem e, como tal, qualquer oportunidade de desenvolvimento e/ou investimento no tecido empresarial ou particular é analisado com atenção e proximidade. A instituição pretende responder sempre com muita rapidez a essas necessidades e a esses movimentos económicos e sociais que se verificam nas regiões onde operamos. Esse é um dos aspetos que nos diferenciam.       

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RC > Esta é uma instituição centenária. Sente que a Caixa Crédito Agrícola Mútuo de Alcobaça tem ajudado a construir a história da região?
JFA > Como estamos inseridos num tecido social da comunidade da região, o nosso contributo parece-nos ter sido bastante importante ao longo destes anos no desenvolvimento da região. Somos uma instituição de crédito, mas somos uma instituição diferente das demais que operam no mercado. Estamos muito próximos dos nossos clientes, temos um sistema societário diferente, não temos o lucro como objetivo final da atividade que desenvolvemos. Tudo isso nos permite ter uma abordagem diferente perante a comunidade.     

RC > Durante muitos anos esta “casa” funcionou num rés do chão de um centro comercial e hoje tem um edifício emblemático no centro de Alcobaça. Como explica o crescimento, mesmo perante um cenário menos favorável do ponto de vista da exposição pública?
JFA > A instituição revelou sempre uma diferenciação e um nível de confiança muito grande por parte dos seus associados e clientes. Essa foi a principal razão do nosso sucesso. A região foi propícia a que pudéssemos dar esse salto qualitativo ao nível do balcão central na cidade. Ao longo dos anos temos vindo a apostar o nosso foco no cliente, no associado e na relevância da atividade desenvolvida. Essa relação de confiança mútua permitiu-nos e permite-nos continuar a crescer paulatinamente, com sustentabilidade e equilíbrio. 

RC > A inauguração destas instalações também foi um marco importante na sua gestão…
JFA > Sem dúvida. Trata-se de um edifício arquitetónico com impacto e foi possível reunir um conjunto de entidades, entre as quais o Presidente da República, na inauguração do edifício. Foi um marco muito importante na vida desta instituição e na vida do grupo Crédito Agrícola em geral. O grupo Crédito Agrícola, hoje em dia, é constituído 
por 82 caixas espalhadas por todo o País, mais algumas empresas do grupo e pela Caixa Central, e o edifício da Caixa Crédito Agrícola Mútua de Alcobaça continua a ser um dos mais emblemáticos do grupo. 

RC > Como já explicou, o Crédito Agrícola é um banco diferente. É também por isso que tem passado ao lado das recentes polémicas da banca?
JFA > Consideramos que sim. Temos um modelo de funcionamento diferente, estamos muito próximos e atuamos muito rapidamente quando a realidade da comunidade onde nos inserimos se altera. Por outro lado, também fomos e somos um banco que trabalha a médio/longo prazo. Naquelas coisas que são moda, por exemplo os fundos imobiliários, fomos entrando com muita ponderação, respondendo às necessidades do mercado, mas percebendo até onde se podia ir. Esse tipo de abordagem permitiu-nos passar ao lado de todas estas turbulências, que acabaram por marcar a atividade bancária no contexto económico nacional e europeu. Só assim foi possível não ter ajuda do Estado, manter rácios elevados e não ter resultados negativos, que a maior parte dos bancos vem apresentando… Isso deve-se ao nosso modelo de funcionamento muito descentralizado, em que a decisão está muito próxima dos clientes e dos associados em cada região do País. Sendo um modelo com esta configuração, a Caixa de Crédito Agrícola é mais resiliente que as demais instituições bancárias.   

RC > Que produtos é que a Crédito Agrícola dispõe às empresas que querem exportar?
JFA > Temos todas as ofertas que as outras instituições bancárias têm. Naturalmente que somos um banco doméstico, portanto não temos os escritórios de representação que outras instituições têm. Estamos a fazer esses espaços, estamos a abrir escritórios de representação pela Europa e pelos PALOP. O nosso objetivo é também auxiliar as empresas na busca de parceiros, que possam depois estabelecer relações comerciais nesses mercados.  

“Os agricultores são a génese, o DNA e a origem da instituição”

REGIÃO DE CISTER (RC) > Como avalia a economia de Alcobaça no contexto atual?
JOSÉ FERNANDO ALEXANDRE (JFA) > Estamos a passar um processo muito exigente, que tem deixado pelo caminho algumas empresas e alguns empresários que até tinham algum interesse do ponto de vista económico. Penso que o pior já terá passado. Considero que estamos a acabar de atravessar este deserto de vários anos e começamos a ter alguma esperança de que a viragem de um novo ciclo económico esteja a decorrer. Mais pausadamente do que gostaríamos, é certo, mas estou convencido de que há condições para que a confiança, o investimento e o desenvolvimento de mercado possa acontecer no entretanto.

RC > É dos que acredita que a retoma já aí está?
JFA > Há vários sinais que nos dão essa indicação, de que a retoma está a chegar. Notamos que começa a haver mais confiança por parte dos empresários e dos particulares em fazer alguns investimentos e no aumento do consumo. Esses são sinais suscetíveis de nos dar alguma esperança de que o ano de 2015 será, por ventura, melhor do que o de 2014. 

RC > Que relação a Caixa de Crédito Agrícola mantém com os agricultores?
JFA > Nós somos a principal instituição de crédito a apoiar a agricultura, quer em termos nacionais, quer em termos locais. Hoje em dia a agricultura é um setor que está a ser muito procurado pelas outras instituições de crédito. Os agricultores são a génese, o DNA, a origem desta instituição bancária e daí que nos tenhamos mantido ao seu lado. Atualmente continuamos disponíveis para apoiar as atividades, que se desenvolvem atualmente com um nível empresarial mais sofisticado e, nesse caso, também são mais exigentes. Estou convencido de que muitos dos agricultores que subsistiram devem-no ao seu esforço, empenho e ao apoio que o Crédito Agrícola colocou nas suas atividades. A nível nacional também temos organizado alguns eventos importantes e apoiado algumas associações do setor, como a Portugal Fresh, como foi o caso agora da participação na Fruit Logistica, considerada a maior feira de frutas e legumes, que decorreu em Berlim.

RC > Como espera ver o concelho de Alcobaça daqui a dez anos?
JFA > Espero que daqui a dez anos Alcobaça esteja bastante melhor. Percebo que também vivemos um momento de escassez de recursos, mas creio que Alcobaça se continuará a afirmar nos próximos anos como uma cidade interessante. Interessante em visitar, viver e investir. Esse é, também, um desafio que todos temos pela frente.

RC > O que gostaria que fosse feito no Mosteiro para que aquele espaço estivesse mais ao dispor dos alcobacenses e dos turistas? O hotel de luxo é uma das soluções?
JFA > Sim, penso que sim. Efetivamente gostaríamos que aquele espaço do monumento fosse ocupado, até para se manter em atividade, além do turismo. O hotel de luxo naquele monumento permitirá recuperar o espaço que neste momento está devoluto. Mas uma coisa são os nossos desejos e outra é o que se pode realizar. Vamos ver o que acontece. O importante é que se façam coisas que permitam colocar o Mosteiro no centro das prioridades.

RC > Alcobaça é um concelho poli centrado, tem vários centros habitacionais e empresariais muito fortes. O Crédito Agrícola também olha para estas franjas do concelho com um olhar atento?
JFA > Sim, estamos muito atentos a essas realidades. Não temos uma agência na Benedita até porque temos um balcão em Santa Catarina, já pertencente à Caixa de Caldas da Rainha. Mas estamos com presença em Turquel e também temos em Pataias. Estes são dois polos habitacionais que trabalhamos e seguimos com muita atenção, até porque são polos industriais e com bens transacionáveis, atividade que tem de ser seguida com muita atenção e que merece um olhar.

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