Quinta-feira, Abril 25, 2024
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Heróis da Luta contra a Covid-19: Clara Duarte, funcionária de supermercado

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Medo. Foi esse o sentimento que se apoderou de Clara Duarte, 41 anos, quando, ainda no início do mês de março, chegaram os primeiros relatos do novo coronavírus. A responsável da equipa dos frescos do Intermarché de Alcobaça sentiu receio pela família.

Medo. Foi esse o sentimento que se apoderou de Clara Duarte, 41 anos, quando, ainda no início do mês de março, chegaram os primeiros relatos do novo coronavírus. A responsável da equipa dos frescos do Intermarché de Alcobaça sentiu receio pela família.

O trabalho, com o inevitável e constante contacto com o público, levou-a a pensar o pior no momento de voltar a reunir-se com a família: os dois filhos, de 9 e 13 anos, e o marido, asmático, hipertenso e com uma malformação cardíaca. “Ao início foi complicado”, confessa Clara, que trabalha há 20 anos naquela superfície comercial.

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Não beijava nem abraçava os filhos. “Dizia para não se chegarem perto de mim. Custou-me e sei que eles sentiam falta de carinho”, recorda hoje, quando já ultrapassou o medo inicial muito por culpa das medidas de prevenção que cumpre religiosamente. “Sei que, apesar de tudo, eles aceitaram bem, já vinham preparados com a informação que receberam na escola”, conta a responsável pelas encomendas de setores com os laticínios ou a peixaria.

Atualmente, e apesar de os receios se manterem, sente-se mais confiante, pelo “calo” que foi ganhando ao longo dos turnos, mas sobretudo graças às medidas de proteção que o Intermarché adotou desde cedo: viseiras, álcool gel em vários locais do supermercado, luvas para trocar sempre que necessário e a possibilidade de lavar as mãos com muita frequência. “O patrão criou logo um grupo no Whatsapp com vídeos a explicar todos os procedimentos de desinfeção, como colocar e remover as máscaras e todos os cuidados a ter”, conta a funcionária do Intermarché.

Desde o primeiro dia em que a pandemia se tornou real no País, quando a entidade patronal reuniu os trabalhadores e explicou os procedimentos, “antes de ser declarado o estado de emergência”, Clara Duarte adotou cuidados especiais. Além da higienização frequente das mãos, a chegada a casa passou a ter contornos de ritual. Tem a “sorte” de viver numa vivenda com garagem e é nessa divisão que deixa o calçado que usou na rua. Segue-se a remoção da roupa, que põe a lavar à parte do vestuário da restante família – “as fardas são sempre lavadas a 90 graus” -, e a higiene pessoal, que começa sempre por esfregar muito bem as mãos, punhos e rosto.

Para trás ficou o período de má memória do primeiro estado de emergência, quando os clientes mostraram relutância em aceitar as medidas de distanciamento. “Sentia-me muito ansiosa porque muitas pessoas levavam a mal quando nos afastávamos se elas se aproximassem e falassem normalmente, como se nada fosse”, recorda. Hoje, tem a noção de que os clientes “aceitam e compreendem muito melhor” o problema que é de todos. Na batalha diária que é ir trabalhar para assegurar bens à comunidade, Clara Duarte nota maiores preocupações por parte das pessoas, que vê de máscara “na sua maioria”, e que respeitam as indicações do supermercado.

Hoje, apesar de ter ultrapassado o pânico inicial da pandemia da Covid-19, o medo do inimigo invisível mantém-se. “Tenho sobretudo receio que aconteça entre os meus”, confidencia, enquanto mantém o desejo de que “isto tudo passe rápido”. Clara Duarte acredita que “se todos cumprirem as medidas de contenção à risca”, as probabilidades de propagação do novo Coronavírus diminuem consideravelmente. Uma luta desigual, é certo, “mas que no fim poderá significar que deixemos de ligar ao que é supérfluo e passemos a dar valor ao que é realmente importante”.

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