Quinta-feira, Abril 25, 2024
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A incrível toponímia de Cister

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Sabe onde é o Ninho d’Águia? Já foi aos Covões (e não, não estamos a falar do Hospital)? Certamente sabe onde são as Genrinhas e até já deverá ter passado pela Macarca. Vive no Baldio? Ou é da Mina? E por acaso sabe como se chamam os habitantes de Monte de Bois? Eis o campeonato dos nomes de lugares – ou topónimos – mais esdrúxulos (e em alguns casos surreais) da nossa região de Cister.

Sabe onde é o Ninho d’Águia? Já foi aos Covões (e não, não estamos a falar do Hospital)? Certamente sabe onde são as Genrinhas e até já deverá ter passado pela Macarca. Vive no Baldio? Ou é da Mina? E por acaso sabe como se chamam os habitantes de Monte de Bois? Eis o campeonato dos nomes de lugares – ou topónimos – mais esdrúxulos (e em alguns casos surreais) da nossa região de Cister.

“Onde se vende as raparigas?” Fazem a pergunta “milhentas vezes” quando param no café com o mesmo nome da localidade da freguesia da Benedita, localizado à beira do IC2. A resposta desilude sempre. A localidade chama-se Venda das Raparigas, mas esclareça-se que nada tem que ver com prostituição ou escravatura. Parece que o nome vem de uma loja que ali existia, nos tempos da monarquia, com três irmãs (raparigas) atrás do balcão. “Antigamente o nome ‘técnico’ da loja era uma venda, parava-se na ‘venda das raparigas’, porque eram raparigas que lá trabalhavam”, explica a presidente da Junta da Benedita. Na freguesia, há também uma Venda da Rega e até uma Engenhoca. Mas é da origem do nome da Moita do Gavião que Maria de Lurdes Pedro conhece a história: “havia ali uma quinta e o quintal da casa tinha uma moita de silvas onde vivia um gavião, que é um pássaro. E assim ficou a Moita do Gavião”.

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Num concelho que reúne nomes de lugares tão inusitados como Ardido (Turquel), Candeeiros (Benedita), Bacharela (Évora de Alcobaça), Ribeira do Marete, Canos e Pedras (na freguesia do Vimeiro), poderá haver pior? Por incrível que pareça, pode. Frases como “sou do Casal do Corta-Rabos” (Aljubarrota), “cresci na Barba Torta” (Alfeizerão) ou “tenho família no Cabeço do Louco” (Bárrio) podem bem ser ouvidas por aí.

Se por um lado, há topónimos que fazem sorrir – como Bemposta, Boavista (Maiorga), Valbom (Bárrio), Vale do Paraíso (São Martinho do Porto), Praia de Banhos (Pataias), Gaiteiros (Turquel) e Casal Pôr do Sol (Alfeizerão)– o que dizer de um concelho onde é possível ir de Cabrela a Mijaretes em Pataias? Terras como Lagoa do Cão (Aljubarrota), Vale das Ripas (Alcobaça), Orjo (Turquel), Chamiço (Benedita) ou Feteira (Cela) não têm sequer resultados no Dicionário de Toponímia da Porto Editora. Voltemos, portanto, às histórias que os mais antigos nos contam.

Sobre a localidade de Cabeço do Louco, “reza a história que era um louco que lá morava”, conta a presidente da Junta do Bárrio, acrescentando o topónimo de Cabeço da Mulher à nossa lista de nomes incríveis. “Talvez a mulher morasse num cabeço e o louco noutro”, brinca Filipa Gomes. Mas o vencedor da lista dos melhores nomes de terras da freguesia do Bárrio vai, sem qualquer tipo de reservas, para Monte de Bois. Agora imagine como é que uma qualquer banda que atue nas festas daquela terra se deva dirigir ao público? O melhor será só dizer… boa noite. “A versão popular do nome tem a ver com os monges de Cister porque era ali o pasto dos bois. Outra versão mais ‘vanguardista’ diz que aquando das invasões francesas era ali um bosque, que em francês se escreve bois e se lê ‘buá’”, remata a autarca.

Adiante, que há muito mais por onde escolher. Rumemos da Lagoa do Frei João (Benedita), à Lagoa das Talas (Turquel) para chegar à Lagoa do Cão (Aljubarrota). Ali conta-se que antigamente havia um homem rico e que tinha muitos cães. Já havia a lagoa, que era maior do que é hoje, e onde todos os animais como vacas, ovelhas, cabras e porcos iam beber água. Acontece que um dia um dos cães apareceu morto na lagoa, acabando por ficar Lagoa do Cão.

Casais por estes lados também não faltam: da Areia, do Resoneiro, da Amada, da Charneca, da Costa, da Ortiga, do Abegão, do Pereiro, do Pinheiro, dos Vicentes, do Silva, da Estrada, da Guerra, do Carvalho, da Lagoa, de Vale de Ventos, da Madeira, do Marques, da Eva, da Ponte, do Aguiar, do Amaro, Pardo, da Carreira, da Maceda, do Jorge Dias, do Ramos. Mas há também quem viva em casais mais “surreais”, como o Casal do Gregório, da Pequena, do Bicho, da Macalhona, do Rei, das Botas e imagine-se, até do… Além. Alcobaça é um manancial de potencialidades neste domínio.

Chegados ao concelho da Nazaré, os topónimos parecem não ser tão “ricos” quanto o chamado dicionário dos próprios nazarenos. Mas parar na Marmeleira, ali bem perto da SPAL, não deixa de ter a sua piada. Tal como no Calhau, que fica bem no cimo da vila, e que faz fronteira com o Casal Lagar. Salgado também é o nome da praia com o mesmo nome, quem sabe devido ao mar… salgado que banha a praia. Ali perto também há uma serra da Pescaria, que dá aso a várias possibilidades para justificar a designação.

Voltando a Alcobaça, em que outro concelho é possível fazer o trajeto entre Engenhoca, Venda das Raparigas, Ardido, Monte de Bois, Macalhona e acabar no Vale do Paraíso? Também deve ser difícil arranjar outra viagem onde possa ir do Peso à Vigia, podendo fazer um desvio a Sete Lenços, apanhando uma sombra na Palmeira, acabando a comprar paio em Paio de Baixo, de Cima ou do Meio e beber um copo no Poço das Vinhas, depois de ter parado para fazer um chichi em Mijaretes. Ah, e para que fique a saber os moradores de Monte de Bois ou Monte de ‘buá’, se preferir, são chamados de “montebonenses”.

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