A chama deixara de brilhar. Sabia que ainda não tinha encontrado o propósito de vida. São muitos os que passam por uma espécie de “êxodo geográfico” em busca de vida melhor… comigo foi também assim. Parti rumo à capital e já passaram mais de duas décadas! A vida aconteceu nesse período e foi fenomenal! Mas será que era assim mesmo? Tinha vivido literalmente metade da vida e não lhe encontrava sentido. Num dia ameno, enquanto olhava o mar que me viu nascer e a brisa me ia refrescando os sentidos, decidi deixar tudo para trás. Não sabia muito acerca deste “sentir”, mas sabia o que não queria. Regressei à origem.
Questionei-me se estaria errada. Não sabia responder. A única certeza era um sentimento forte de que algo maior estava por vir. O que sentia foi-se apaziguando à medida que descobria o “novo mundo”: ser mãe. Pensei: “era isto afinal!”. Mas a incerteza permaneceu. 18 meses após o nascimento do nosso filho, compreendi. Parentalidade é um desafio… na diferença é isso e muito mais! Estava encontrado o propósito que teimava em chegar! Compreender a “escolha” do “destino” é essencial. Aceitá-la primordial. Sempre corri em busca de desafios. Vivi muitos, de “mangas arregaçadas”. Perante a chegada do MAIOR de todos, teria de agir com a mesma postura. Quando a vida nos impõe um desafio colossal como o da parentalidade na diferença temos de nos redefinir. Tornarmo-nos melhores. Perante “a mudança de destino abrupta”, devemos refutar a negatividade, o queixume, a crítica ou a comparação e estar gratos pelo que temos. No âmago de profundas mudanças surgem oportunidades de aprendizagem. No passado dia 2, assinalou-se o Dia Mundial para a Consciencialização do Autismo – a nossa “bandeira”.
Então, permitam-me criar um paralelo: aproveitemos o complexo momento que vivemos e que “tão abruptamente desviou as rédeas do nosso destino”, para reaprendermos a ser melhores: + inclusivos; + sustentáveis e + relevantes. Que se exaltem consciências, se recuperem rédeas e se reergam bandeiras.
Até à próxima maré… Votos de boa saúde.