Preparada para atuar na construção de edifícios habitacionais e industriais, na reabilitação de edifícios antigos ou em projetos de engenharia, a Joaquim Maria Bernardes & Filhos distingue-se pela capacidade técnica na criação e manutenção de serviços internos de carpintaria, serralharia, canalização e engenharia. A empresa, sediada em Alcobaça, que segue na quarta geração, tem vindo a adaptar-se ao mercado, apostando no acompanhamento direto e personalizado ao cliente.
“Quando o meu avô, Atalívio Maria, começou a trabalhar no setor da construção, nos anos 1930, e mais tarde o meu pai, Joaquim Maria Bernardes, com 18 anos, se juntou ao negócio, a atividade principal era a construção de moradias e edifícios para venda”, revela Atalívio Bernardes, que herdou o negócio da família e agora o passa ao filho.
Contudo, com a crise, a empresa fundada em 1977 teve de mudar a agulha do negócio. “O setor da construção não acabou, mas há muito menos habitação nova. E por essa razão tivemos de alterar o core business para a reparação e reabilitação de edifícios, sobretudo a partir de 2005”, adianta.
Com menos 10% dos licenciamentos que tinha naquele que foi considerado o boom da construção nas décadas de 1980 e 90, a JM Bernardes passou a dar prioridade ao mercado da reabilitação. “Todo o parque habitacional construído há mais de 15 e 20 anos, nos chamados anos de ouro da construção, começa a precisar de obras de manutenção, seja nas coberturas que estão a começar a perder a sua estanquidade, nas cozinhas que já perderam a sua funcionalidade, ou mesmo a necessidade de um novo quarto... a recuperação é o caminho óbvio”, sublinha Filipe Bernardes, sócio-gerente da empresa e engenheiro civil.
Por outro lado, e “considerando que existe uma enorme oferta de moradias e apartamentos e consequente queda nos valores de venda desses imóveis”, a empresa também tem beneficiado da remodelação ou recuperação desses imóveis.
Para acompanhar a diversificação e modernização dos serviços, a empresa tem apostado na execução de estruturas em aço leve. “Há muitas vantagens em termos de rapidez de execução, isolamento térmico e acústico e resistência antissísmica”, frisa Filipe Bernardes, que tem realizado diversas formações na área para que a empresa possa continuar a acompanhar as tendências e exigências de mercado.
Virada para os clientes particulares (80%), e com algumas obras públicas (20%), a JM Bernardes, que mudou recentemente de instalações para o Casal Bernardes, tem conseguido recuperar o volume de negócios de ano para ano, face à crise do setor no início do novo século. “Encolhemos mas mantivemos as nossas capacidades: construção civil, carpintaria, serralharia, engenharia... conseguimos fazer o ‘chave na mão’”, acrescenta. “Sendo uma empresa familiar conseguimos passar para o cliente essa familiaridade no acompanhamento mais direto e mais personalizado, ao invés de uma empresa que subcontrata tudo. É a diferença entre a alfaiataria e o pronto a vestir”, reitera o engenheiro civil.
Um dos rostos da empresa familiar, que hoje gere o negócio com o pai, fala das tendências que a crise trouxe ao setor da construção, sublinhando o que tem permitido à empresa liderar no mercado.
REGIÃO DE CISTER (RC) > Qual o segredo da longevidade da JM Bernardes?
FILIPE BERNARDES (FB) > A atividade da empresa foi-se diversificando e modernizando, sendo hoje em dia capacitada internamente para a construção civil, carpintaria e projetos de engenharia, o que nos torna uma das poucas empresas do setor com esta capacidade. Penso que a par do acompanhamento personalizado e direto ao cliente, essa é a nossa grande mais-valia.
RC > A reabilitação de edifícios é o futuro das empresas de construção civil?
FB > Não sendo um novo modelo de negócio, está rapidamente a tornar-se a nova realidade. Com a crise passou a existir um excesso de oferta de habitações, baixando o seu custo de aquisição. Um casal pode hoje em dia adquirir um imóvel com mais de 20-30 anos e recuperá-lo por um custo inferior ao de uma nova habitação. Isto era quase impossível há pouco tempo. Além disso, todo o parque habitacional existente precisa de obras de manutenção periódicas.
RC > Isso quer dizer que a retoma económica não vai ser sinónimo de construção nova?
FB > Já não faz sentido existir 80% de construção nova como antigamente. O mercado estabilizou e mesmo que a conjuntura económica melhore substancialmente, compensa economicamente reabilitar edifícios e cada vez mais as pessoas se apercebem disso. Até os municípios estão a acompanhar esta nova realidade com a criação de mecanismos de incentivo à reabilitação.
BI
