A somar trabalho ao longo dos anos, a multiplicar serviços, a subtrair dores de cabeça aos clientes e a dividir funções por quase uma dezena de funcionários, há mais de três décadas que a Planibaça calcula bem as contas dos outros. A fórmula “perfeita” da empresa, sediada em Alcobaça, passa muito pela dedicação no trabalho e confiança dos clientes.
“Mais de metade dos nossos serviços são de contabilidade e prestamos também serviços na área da fiscalidade, gestão de recursos humanos e serviços de Segurança Social”, resume António André, que fundou a Planibaça em dezembro de 1987. “Temos empresas com 400 trabalhadores e somos nós que fazemos toda a gestão desses recursos humanos”, acrescenta o contabilista, que iniciou essas funções há mais de 60 anos. Nos últimos anos, António André passou a pasta da empresa a uma das cinco filhas. Margarida Santos é quem tem conduzido a empresa de contabilidade e fiscalidade. A mesma filha que quando acabou os estudos não tinha emprego, e que levou o pai a abrir em 1986 um gabinete de contabilidade perto das finanças, na Rua Afonso Albuquerque. “A Margarida foi o meu braço direito, hoje sou o braço esquerdo dela”, brinca António André, elogiando o empenho da filha.
Fruto das “exigências de trabalho”, a empresa tem gradualmente vindo a aumentar o trabalho e consequentemente o número de postos de trabalho, mas não quer dar um passo maior que a perna, preferindo dar atenção aos clientes de há vários anos, na sua maioria empresas dos concelhos de Alcobaça, Nazaré e Marinha Grande.
“Quando fundei a Planibaça éramos dois gabinetes de contabilidade em Alcobaça, hoje sabemos quantos existem”, recorda o maiorguense, de 80 anos, para quem, apesar disso, a concorrência não o assusta. “Há clientes nossos com ofertas de avenças mais baratas mas não aceitam porque sabem que aqui existe qualidade de trabalho”, frisa. Tanto que chegam a recomendar a Planibaça a outras empresas nos serviços de contabilidade e fiscalidade.
“Já não precisamos de publicidade”, acrescenta António André. O facto é que a exigência dos clientes aumentou: “na década de 1980/90 não queriam pagar impostos, foi um esforço grande para os alertar em ter consciência que tinham de pagar, claro que hoje em dia ninguém gosta de pagar, mas a mentalidade está diferente. Até porque os bancos exigem determinados rácios que são precisos para o crédito”, explica um dos fundadores da APOTEC (Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade).
Para o também sócio da Ordem dos Contabilistas, o maior desafio do negócio são os prazos. “Era bom que a Administração Tributária tivesse mais atenção com os contabilistas para lhes facilitar os prazos, todos os anos alteram a documentação e os modelos. Antes havia dois prazos máximos num mês: dia 20 para a Segurança Social e dia 15 parra o imposto de trabalho. Hoje há prazos quase todos os dias”, observa o conhecido empresário alcobacense.
Ainda é do tempo em que não havia máquinas calculadoras, mas adaptou-se às tecnologias com a mesma velocidade que elas foram aparecendo. Eis um testemunho do fundador da empresa.
REGIÃO DE CISTER (RC) > Três décadas depois, qual o significado de ainda ver as portas abertas da empresa que fundou?
António André (AA) > Tenho muito gosto. Das minhas cinco filhas, já cá trabalharam quatro, que, digamos, levaram algumas aulas de contabilidade e administração. Na altura, a apanha da fruta dava-lhes mais dinheiro nas férias, mas acabei por convencê-las a vir para cá nesses períodos porque lhes dizia ‘quando acabares os estudos vais para apanha da fruta? Aqui pago menos mas aprendes mais’. A Margarida acabou por se formar na área e é hoje a responsável pela empresa.
RC > O facto de ser uma empresa familiar explica o sucesso do negócio?
AA > De há dez anos para cá a empresa tem-se desenvolvido bastante, com a administração da Margarida. Dou o meu apoio logístico, chamemos-lhe assim. Se for preciso ir a um cliente vou, mas é ela o rosto da empresa. E a qualidade, a dedicação e o profissionalismo que imprime à empresa explica o sucesso.
RC > A concorrência não faz “mossa”?
AA > Todos os anos são formados dezenas de contabilistas, que depois não têm emprego. Por isso é natural que lhes ofereçam trabalho remunerado mais barato. Não me parece mal os novos contabilistas ofereçam um trabalho mais barato para arranjarem bons clientes. Mas em gabinetes como o meu não se aceita esse género de ofertas, aqui tudo é feito na base da qualidade.
BI
