O centro de hemodiálise da Maiorga está pronto a funcionar, mas não pode abrir portas enquanto não receber, da Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, o documento que atesta a convenção com o Estado no tratamento de doentes renais. No passado domingo, a empresa proprietária daquela unidade de diálise promoveu uma visita às instalações, prontas para arrancar.
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Os utentes de grande parte do concelho de Alcobaça e do município da Nazaré têm de deslocar-se a Leiria para receberem sessões de diálise, o que, nas palavras do coordenador do Núcleo de Leiria da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR), Carlos Silva, “encarece as despesas do Serviço Nacional de Saúde em deslocações”. Por outro lado, a unidade de Leiria tem capacidade esgotada e não aceita novos pacientes.
Carlos Silva, que marcou presença no encontro de domingo com outros doentes renais, diz não entender “qual a razão” do impasse na entrada em funcionamento do centro de hemodiálise da Maiorga.
Contactada pelo REGIÃO DE CISTER, a ARS não respondeu, até à hora de fecho desta edição, ao pedido de informação sobre o estado do processo de convenção.
A unidade da Maiorga integra o grupo DaVita, que, em fevereiro de 2022, estimava abrir a clínica em maio seguinte. Na ocasião, o diretor geral, Paulo Dinis, garantiu um “tratamento de excelência aos doentes renais”, respondendo e adequando-se “a todas as suas necessidades”. A novidade foi anunciada pelo diretor em forma de “turno noturno de diálise, para que os doentes possam optar pelo horário que lhes seja mais conveniente, de acordo com os seus horários laborais e rotinas diárias”.
Mais de um ano depois, o centro continua de portas fechadas. “Esta é uma zona com muitos doentes, uma zona de turismo e que também já não tem resposta em Leiria”, lamenta o coordenador da associação. “A APIR não entende esta situação e muito menos a aceita”, sublinha Carlos Silva, lembrando que “emigrantes e turistas doentes renais, que necessitam de tratamento de hemodiálise, não conseguem vir para o distrito porque não há vaga para fazerem o seu tratamento”. A unidade da Maiorga, ironiza o coordenador da APIR, “não abre porque falta um papel”.
No município de Alcobaça há uma unidade em funcionamento na Benedita e outra à espera da convenção com o Estado, na sede de concelho, do grupo Sanfil. Além da unidade da Benedita, no distrito estão operacionais os centros de diálise de Pombal, Leiria, Gaeiras e Rio Maior.
A unidade da Maiorga prevê a criação de 20 postos de trabalho e terá capacidade para receber 120 doentes por semana, estando equipada com 20 postos de tratamento.
Em Lamego, a ARS do Norte recusou, no início do ano, o pedido de convenção com o centro de diálise que a DaVita construiu naquela cidade. À data, a empresa lamentou ter sido travada “uma solução que providenciaria, no imediato, melhorias na saúde e qualidade de vida dos doentes renais”.