Sabe de trás para a frente os nomes dos dois filhos, das duas filhas, dos dois netos, das duas netas, dos três bisnetos e da bisneta. Há dois anos ainda subia a oliveiras, a pereiras e a outras árvores de fruto. Tudo isto seria banal, não fosse Maria da Conceição Parrilha ter comemorado exatamente… 100 anos na passada terça-feira.
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Um marco histórico e que, como é natural, mereceu festa rija no Lar Residencial de Alcobaça, em Évora de Alcobaça, onde a utente contou com a presença dos familiares, amigos e profissionais da instituição para soprar as velas, brindar (“só um bocadinho de champanhe”) e agradecer a todos os que a fazem sentir-se (tão) bem naquela que é a sua casa desde o último ano.
“Hoje foi mesmo um dia de festa para mim. Juntou-se a família toda, não faltou ninguém. Estiveram alguns que não via há muitos anos. Foi paródia o dia todo!”, confessou a centenária ao REGIÃO DE CISTER, recordando ainda o almoço fora com a família.
No final da festa, admitiu sentir-se “muito bem das pernas”. “Nem me posso queixar”, referiu. É que, com um século de vida, a eborense, nascida e criada no Casal do Pereiro, colocou-se de pé e ainda chegou com os braços próximo dos pés, evidenciando uma forma física de fazer inveja a muitos, principalmente dos mais novos.
“Foi uma vida de muito trabalho. No campo e na fábrica onde enchia, acartava e lavava as garrafas”, justificou Maria da Conceição Parrilha, quando solicitada a recordar o trajeto de vida pessoal e profissional.
Com uma simpatia notória por todos quantos a parabenizaram, a centenária admitiu que “já quer fazer pouco mais do que aquilo que faz”. “A minha força já é pouca, mas se pudesse gostava muito de conseguir ainda podar, limpar, de enxertar e cavar”, enumerou a eborense, mostrando-se conformada com o avançar da idade. E sobre isso, seja “o que Deus quiser”. “Que me dê saúde até à hora da morte e o meu tininho”, pediu a centenária, apontando para a testa, certa de que tem vivido uma vida feliz.
A vivacidade de Maria da Conceição Parrilha é confirmada pela diretora técnica da instituição, revelando que a utente “não inspira grandes cuidados”. “Para quem está a celebrar 100 anos está muito bem conservada, é difícil acreditar que tem mesmo essa idade”, asseverou Christelle Matias, explicando que a utente apenas é auxiliada em algumas das necessidades básicas.
“Participa em tudo o que houver para participar e é uma das mais bem-dispostas. É uma castiça, seja na ginástica ou nas visitas que realizamos”, acrescentou a profissional, revelando que na última década não houve mesmo nenhum(a) utente a chegar aquela idade “com tão boa saúde física e mental”.
No meio desta história urge ainda falar de um por(amor)maior: a família. É que Maria da Conceição Parrilha, apesar de viúva, é muito acompanhada pelos entes queridos. “Gosto de todos por igual e não há um que não me trate bem”, sublinhou, alargando os elogios aos profissionais do lar, que até lhe prepararam um vídeo dos melhores momentos dos… 100 anos.
Mas como não há uma sem duas, este domingo, o centenário da eborense vai ser celebrado novamente com direito a porco no espeto. Posto isto, é caso para dizer: parabéns pelos 100 (vividos) anos, dona Maria. Que bom é envelhecer de forma tão bonita!