É, sem dúvidas, uma das casas de comércio mais antigas da Benedita. A Santeiro começou por ser um local de renome para obras em talha dourada e na recriação de santos. Hoje tem mais de seis décadas de confiança e amizade dos beneditenses.
É, sem dúvidas, uma das casas de comércio mais antigas da Benedita. A Santeiro começou por ser um local de renome para obras em talha dourada e na recriação de santos. Hoje tem mais de seis décadas de confiança e amizade dos beneditenses.
“O negócio foi fundado com o meu bisavô, por volta de 1930. Era conhecido pelos trabalhos que fazia e que ainda hoje persistem como a talha dourada da igreja do Sítio da Nazaré e alguns santos para a igreja da Benedita. O talento com os santos foi a inspiração para o nome deste espaço”, recorda Gil Marques, atual proprietário do espaço. O talento do artesão estendeu-se para a relojoaria, conhecimento que foi passado para as gerações futuras. “Na década de 1950, o meu pai foi para Lisboa aperfeiçoar o conhecimento e em 1955, regressou à Benedita para abrir o atual espaço”, relembra.
Gil Marques recorda com nostalgia os finais de tarde que passava debruçado sobre a secretária do pai a observar a reparação dos “delicados” relógios. “Costumo dizer que nasci e cresci nesta loja porque a abertura do espaço coincidiu com o meu nascimento e passei aqui várias horas”, graceja.
Na década de 1960, a ourivesaria deu dois importantes passos para se afirmar no mercado: criou a própria marca de relógios, a GILBEL, de origem suíça, e apostou no mercado da ótica através de gabinete para realização de exames de optometria e adaptação de lentes de contacto.
Embora tivesse a ambição de seguir estudos superiores em economia, Gil Marques acabou por assumir a gestão do espaço em 1975 e colocar o curso em stand-by. “Por convite do meu pai fui fazendo umas coisinhas aqui e ali e quando dei por mim estava a gerir o espaço. E o curso está lá… em espera até hoje”. E muito mudou desde que o beneditense assumiu o negócio de família. Em 1986, a Santeiro abriu uma filial em Rio Maior, uma aposta que Gil Vicente considera “positiva”. O desafio diário é conseguir acompanhar a mudança de gostos da população. “Há uns anos, o ouro era mais vendido, mas hoje em dia as pessoas procuram mais artigos pela beleza estética e não pela qualidade. Em parte culpa das publicidades na televisão, mas também do poder de compra”, analisa. Curiosamente, as grandes empresas não são uma preocupação para o beneditense, que afirma “confiar na qualidade do seu produto”. “O atendimento próximo, a qualidade e o acompanhamento pós venda que nós oferecemos aqui é único e não pode ser comparado ao que existe numa empresa nacional”, reitera.
Gil Marques conta com o apoio da filha Diana e afirma que a continuidade da Santeiro depende “da vontade da filha e da receção da comunidade”. “O mercado varia e os pequenos comerciantes dependem da sua comunidade. Enquanto esta precisar de nós, aqui estaremos. O lema desta casa é fazer o nosso melhor, pois isso é o único fator que podemos controlar”, remata.