A celebração dos 60 anos do Externato Cooperativo da Benedita (ECB), que juntou cerca de três centenas de antigos e atuais professores, dirigentes e alunos, na passada sexta-feira, no auditório do Centro Cultural Gonçalves Sapinho, na Benedita, motivou “desabafos”, “chamadas de armas” e vários “desafios” para o futuro.
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Recordando que nos últimos 15 anos o ECB perdeu 40% do financiamento, o presidente do Instituto Nossa Senhora da Encarnação, entidade tutelar da licença de funcionamento do ECB, lamentou que “todas as escolas com contrato de associação tenham sido até hoje afastadas de projetos como o financiamento de laboratórios educativos digitais e mais recentemente dos Centros Tecnológicos Especializados”. Além disso, desabafou Nuno Sardinha, “ficaram também de fora do PRR em matéria de fundos para requalificação de instalações”. “Prestamos um serviço público igual ou em muitos casos até com mais qualidade do que as escolas públicas, pagamos os mesmos impostos e os nossos filhos têm direito às mesmas condições das escolas públicas”, apontou o dirigente, defendendo que “na Benedita há uma escola diferente”. “Ninguém nos pode acusar de comprar Ferraris porque nem os órgãos de gestão são remunerados e todo o financiamento que entra é usado com o maior rigor e colocado ao serviço dos alunos e da população”, sublinhou Nuno Sardinha.
Também o presidente da Câmara falou num “sucessivo desinvestimento do Estado Central”, transmitindo o compromisso do ministro da Educação em visitar o ECB no próximo mês de dezembro. O discurso de Hermínio Rodrigues ficou ainda marcado pelo grande aplauso a José Gonçalves Sapinho, “ilustre figura que ficará sempre marcada nesta instituição”.
“Foram 60 anos loucos em que o ECB sobreviveu a tudo e a todos“, considerou o diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo. Rodrigo Queiroz e Melo deixou uma “chamada de armas”: “sensibilizar para a necessidade de contactarem, escrevendo, por email, como entenderem, o ministro de Educação e o primeiro-ministro, manifestando o seu repúdio pela ausência de uma atualização séria do valor por turma do contrato de associação de que depende a sobrevivência do ECB“. O dirigente deixou também um desafio: “celebrados os primeiros 60 anos, é importante que a comunidade educativa se prepare já para os próximos“.
Durante a sessão solene foi ainda anunciada a constituição de uma comunidade energética com base nas instalações do ECB. “Está já rubricado um contrato para instalação de um parque solar fotovoltaico que poderá servir a população em baixa tensão num raio de 4 quilómetros, o que nos permite baixar custos energéticos e prestar um serviço à população”, explicou Nuno Sardinha.
As comemorações dos 60 anos do ECB prosseguem com uma exposição, conferências e aulas abertas (com o regresso de 60 ex-alunos) e culminam com uma gala de homenagem.