Abriu em 1924 como Café, quatro anos depois alargou a atividade para a restauração e é reconhecido como um dos mais antigos e conceituados restaurantes da cidade de Alcobaça.
Abriu em 1924 como Café, quatro anos depois alargou a atividade para a restauração e é reconhecido como um dos mais antigos e conceituados restaurantes da cidade de Alcobaça. Instalado num belo edifício histórico mesmo ao lado do Mosteiro, na Praça D. Afonso Henriques, o Café Restaurante Trindade é um caso sério de longevidade na arte de bem servir à mesa e uma referência para muitas gerações de alcobacenses e turistas.
Fundado por Alberto Pereira da Trindade, em 1940 o espaço já surgia referenciado em guias especializados. Diz-se até que Salazar, quando passava por Alcobaça, parava na Rua D. Pedro V e a refeição lhe era servida na viatura. Permaneceu nas mãos da família fundadora até janeiro de 1971, quando dois ex-funcionários e outros dois sócios criaram a sociedade que deu um novo impulso ao restaurante. Desses quatro sócios hoje em dia apenas António Libório Laureano se mantém ao serviço.
“Procuramos servir os nossos clientes com qualidade, mas os tempos são difíceis”, reconhece o homem que aprendeu o ofício no antigo Restaurante Bau e, aos 75 anos, continua a “ajudar” no que pode no dia-a-dia do restaurante. A vida trocou-lhe as voltas e desde 2009 que luta contra um cancro. Foi operado em Alcobaça e mantém a vitalidade, mas assume que é a esposa Maria José, que “faz uns docinhos maravilhosos”, e a filha Carla, que fazem andar o negócio. Os restantes três filhos “têm a vida organizada, mas quando é preciso vêm ajudar” a servir refeições e o futuro “está assegurado”.
Todavia, António Laureano não esconde “alguma desilusão” pelo declínio da atividade nos últimos anos. E a “falta de estacionamento” é o principal culpado pela redução da clientela”. “As obras de requalificação prejudicaram muito o comércio. Especialmente os restaurantes. As pessoas estão habituadas a deslocarem-se de automóvel e quantos autocarros paravam mesmo aqui à porta?”, questiona. Depois da intervenção assinada por Gonçalo Byrne e Falcão de Campos, concluída em 2005, os clientes “desapareceram”.
Contudo, o Trindade continuou a servir os clientes, apresentando pratos típicos da região e da cozinha portuguesa e apostando também na doçaria. Ali ainda se pode encontrar o mítico doce “Barrete”, aliás “Delícia do Trindade”. O bolo ganhou a alcunha de uma cliente indignada pelo aumento de 25% do preço do doce de um dia para o outro. A gerência enfiou o “barrete” e alterou o nome do doce. Especificidades de um tempo do comércio tradicional que já não volta.