Segunda-feira, Setembro 9, 2024
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Café Trindade: um século ao serviço do bem servir à mesa

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Abriu em 1924 como Café, quatro anos depois alargou a atividade para a restauração e é reconhecido como um dos mais antigos e conceituados restaurantes da cidade de Alcobaça. 

Abriu em 1924 como Café, quatro anos depois alargou a atividade para a restauração e é reconhecido como um dos mais antigos e conceituados restaurantes da cidade de Alcobaça. Instalado num belo edifício histórico mesmo ao lado do Mosteiro, na Praça D. Afonso Henriques, o Café Restaurante Trindade é um caso sério de longevidade na arte de bem servir à mesa e uma referência para muitas gerações de alcobacenses e turistas.

Fundado por Alberto Pereira da Trindade, em 1940 o espaço já surgia referenciado em guias especializados. Diz-se até que Salazar, quando passava por Alcobaça, parava na Rua D. Pedro V e a refeição lhe era servida na viatura. Permaneceu nas mãos da família fundadora até janeiro de 1971, quando dois ex-funcionários e outros dois sócios criaram a sociedade que deu um novo impulso ao restaurante. Desses quatro sócios hoje em dia apenas António Libório Laureano se mantém ao serviço.

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“Procuramos servir os nossos clientes com qualidade, mas os tempos são difíceis”, reconhece o homem que aprendeu o ofício no antigo Restaurante Bau e, aos 75 anos, continua a “ajudar” no que pode no dia-a-dia do restaurante. A vida trocou-lhe as voltas e desde 2009 que luta contra um cancro. Foi operado em Alcobaça e mantém a vitalidade, mas assume que é a esposa Maria José, que “faz uns docinhos maravilhosos”, e a filha Carla, que fazem andar o negócio. Os restantes três filhos “têm a vida organizada, mas quando é preciso vêm ajudar” a servir refeições e o futuro “está assegurado”.

Todavia, António Laureano não esconde “alguma desilusão” pelo declínio da atividade nos últimos anos. E a “falta de estacionamento” é o principal culpado pela redução da clientela”. “As obras de requalificação prejudicaram muito o comércio. Especialmente os restaurantes. As pessoas estão habituadas a deslocarem-se de automóvel e quantos autocarros paravam mesmo aqui à porta?”, questiona. Depois da intervenção assinada por Gonçalo Byrne e Falcão de Campos, concluída em 2005, os clientes “desapareceram”. 

Contudo, o Trindade continuou a servir os clientes, apresentando pratos típicos da região e da cozinha portuguesa e apostando também na doçaria. Ali ainda se pode encontrar o mítico doce “Barrete”, aliás “Delícia do Trindade”. O bolo ganhou a alcunha de uma cliente indignada pelo aumento de 25% do preço do doce de um dia para o outro. A gerência enfiou o “barrete” e alterou o nome do doce. Especificidades de um tempo do comércio tradicional que já não volta.

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