Gerson Costa considera-se um ginasista de corpo e alma, todavia, a vida levou o alcobacense a seguir outro caminho que não o do Municipal de Alcobaça, onde jogou como lateral-esquerdo. Aos 39 anos, o agora empresário – fundador da agência Pro Side Sports – voltou àquela que será sempre a sua casa para uma entrevista ao REGIÃO DE CISTER. Numa conversa informal, Gerson Costa passa em revista a sua chegada ao mundo do agenciamento/intermediação de jogadores de futebol, lançando um olhar sobre o talento existente nos clubes de formação da chamada região de Cister.
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REGIÃO DE CISTER (RC) > Como nasce o gosto pela intermediação de jogadores?
GERSON Costa (GC) > Todos somos intermediários por natureza, seja qual for a profissão, mesmo na vida pessoal estamos constantemente a intermediar situações, das mais banais às mais complexas. No meu caso, foi o conciliar de uma paixão que é o futebol com a vertente profissional e pessoal que ao longo dos anos me levaram a construir uma considerável rede de contactos com pessoas de todo o mundo. Além de ser um desporto universal, o futebol é um elo multicultural, toda a gente conhece alguém que conhece alguém. Posso dizer que a minha entrada na indústria do futebol foi apenas o resultado da junção de vários fatores.
RC > Surgindo então a sua agência (Pro Side Sports)…
GC > Sim, sendo que a minha entrada a full-time foi motivada, sobretudo, por um convite que recebi por parte de duas pessoas ligadas à área para que ficasse responsável por alguns mercados estrangeiros.
RC > E que jogadores tem em carteira?
GC > A estratégia de ‘carteira’ que atualmente tenho foi definida tendo como propósito o desenvolvimento e o acompanhamento de proximidade a cada um dos meus jogadores. Tenho mais ou menos uma dezena de atletas, todos eles com um máximo de 23 anos – e alguns internacionais portugueses, maioritariamente com formação num dos três grandes de Portugal –, mas todas as épocas faço questão de levar para a agência um atleta do Ginásio de Alcobaça. Isto para que os miúdos da nossa terra saibam e vejam que é possível sair de um clube totalmente amador e entrar num clube de alto rendimento profissional.
RC > Como foi o caso do Leonardo Agostinho. A vida levou o Gerson a mudar de cidade, mas jamais levou o Ginásio (d)e Alcobaça do seu coração. Costuma voltar com que frequência?
GC > Tendo a minha família a viver no concelho de Alcobaça, faço questão de, pelo menos uma vez por semana, fazer uma visita. Vivi e cresci na Rua Augusto Pina, atrás do Estádio Municipal de Alcobaça, a infância foi de rua. Todas essas vivências e experiências deram-me as ferramentas necessárias para enfrentar as adversidades sem qualquer tipo de receio. Se é para ir, então vamos, se é para fazer, então façamos.
RC > A pronta resposta leva-me a uma outra questão: pensa voltar a Alcobaça para criar algum projeto profissional? Relacionado com futebol, claro está.
GC > A minha vida profissional não me permite pensar num cenário desses, contudo, estou sempre disponível, mesmo sendo à distância, para apoiar as pessoas ou os projetos certos, tendo em vista o potenciamento dos atletas do nosso concelho.
RC > E até onde podem chegar os atletas ‘criados’ nos clubes formadores da região?
GC > Os jogadores de Alcobaça são iguais aos jogadores de todos os outros clubes quando iniciam a sua carreira, sejam eles de Leiria, Lisboa ou Madrid (Espanha). A grande diferença está na organização, na capacitação e na estratégia que cada clube tem para a formação. Infelizmente, alguns clubes do nosso concelho estão mais focados em formalidades do que em funcionalidades, na aparência do que na competência. Falta uma estratégia que dê liberdade a quem realmente tem formação e vocação para desenvolver um atleta. O nosso concelho está cheio de gente com valor, talvez seja hora de existir maior convergência e união ao redor dos nossos clubes locais.