Luís Filipe Gusmão viveu durante quase 15 anos no quartel dos bombeiros de Alcobaça, mas só agora, quando está prestes a completar meio século de vida, decidiu tornar-se num bombeiro de corpo inteiro. O alcobacense é um dos novos recrutas da corporação e espera concretizar o sonho de se tornar um verdadeiro soldado da paz no próximo dia 1 de maio, quando a associação celebra mais um aniversário e se ficará a saber quantos, dos atuais 22 estagiários, reforçarão o corpo de bombeiros da cidade, dando-lhe, literalmente, sangue novo.
Luís Filipe Gusmão viveu durante quase 15 anos no quartel dos bombeiros de Alcobaça, mas só agora, quando está prestes a completar meio século de vida, decidiu tornar-se num bombeiro de corpo inteiro. O alcobacense é um dos novos recrutas da corporação e espera concretizar o sonho de se tornar um verdadeiro soldado da paz no próximo dia 1 de maio, quando a associação celebra mais um aniversário e se ficará a saber quantos, dos atuais 22 estagiários, reforçarão o corpo de bombeiros da cidade, dando-lhe, literalmente, sangue novo.
“Estou nesta casa há quatro décadas. Entrei aos 10 anos, os meus pais trabalharam como contínuos no antigo quartel e no atual, mas desliguei-me um pouco quando fui para a tropa. Nunca perdi a ligação, através da fanfarra, e decidi que era agora ou nunca”, explica o estagiário, que teve de apresentar um pedido especial para entrar no curso, dado que a data limite para entrar para os bombeiros é os 45 anos. “Pedi uma exceção, porque tenho 49 anos e, felizmente, foi aceite”, revela, entre sorrisos, o… menos jovem dos candidatos a bombeiros de 3.ª classe.
Todas as noites de sexta-feiras e aos sábados, este grupo recebe instrução teórica, para depois entrar na prática. “São muitas horas que passam aqui”, reconhece o comandante da corporação, que se mostra “muito satisfeito” com a adesão aos cursos. “Infelizmente, a formação é cada vez mais difícil. Há muita burocracia, mas eles estarem cá de livre vontade é muito positivo para nós”, resume Leandro Domingos, recordando que no ano passado entraram 14 elementos para o quadro ativo, mas mais de metade provenientes da fanfarra. Este ano, o cenário é diferente e a base de recrutamento alargou-se à sociedade civil.
“Não estávamos à espera de tanta procura, sobretudo tendo em conta as dificuldades que o voluntariado tem vindo a sentir. Foram dois anos positivos”, nota o homem que sucedeu a Mário Cerol à frente dos Bombeiros de Alcobaça há pouco mais de dois anos, quando tinha apenas 26 anos. Desde então, o responsável tem procurado abrir “ainda mais” a corporação à população e “começam a ser visíveis alguns sinais”.
“Este ano temos uma escola com 22 elementos, em que 95% são pessoas sem ligações aos bombeiros. Isso é um aspeto muito positivo e vai dar-nos condições para poder melhorar a capacidade de resposta às populações”, nota o comandante, elogiando a heterogeneidade do grupo. “Temos um brasileiro, dois ucranianos e até uma professora que fez uma promessa aos alunos de se tornar bombeira. A diferença de idades é bastante interessante”, frisa o alcobacense, que há não muito tempo também teve de estudar para ser bombeiro.
“Quando fiz a minha escola éramos seis candidatos e, infelizmente, houve anos em que não havia novos elementos para integrar no corpo ativo. O meu caso foi ligeiramente diferente. Iniciei-me nos bombeiros com 14 anos, mas já era da casa. Há sempre aquele nervosismo, porque quando chega a hora de assumirmos as funções de bombeiro de 3.ª é um passo importante na nossa vida”, afirma o licenciado em Proteção Civil e que já entrou para a história como o mais jovem comandante de sempre dos Bombeiros de Alcobaça.
Pedro Silva, de 25 anos, é um dos homens e mulheres que abdicam de muitas horas de lazer e família para cumprir o sonho de se tornar bombeiro. Natural de Carregal do Sal, no distrito de Viseu, está em Alcobaça para trabalhar com cavalos, na Quinta da Granja Abbatiale. E sente que já ganhou uma nova família. “Entrei para os bombeiros como um hóbi e o que manteve cá foi a união que se cria cá dentro, em que todos se ajudam uns aos outros”, explica o recruta, garantindo que é “preciso estudar muito e estar atento nas aulas” para ter o aproveitamento necessário. “Bombeiro não é quem quer, é quem consegue”, adverte. No próximo 1.º maio saberemos se ele conseguiu chegar à meta.