Esta história podia ser a de Francesco Totti (Roma), Valter Neves (Benfica), João Matos (Sporting) ou tantos outros jogadores que marcaram a história dos seus clubes, mas é a de Vasco Luís (HC Turquel), Bruna Santos (Cister SA), Hugo Santos (GD Martingança), Bruno Daniel (Ginásio) e Espanhol (CCRD Burinhosa). Em modalidades que se praticam de formas tão diferentes há um denominador comum: o amor à camisola.
Esta história podia ser a de Francesco Totti (Roma), Valter Neves (Benfica), João Matos (Sporting) ou tantos outros jogadores que marcaram a história dos seus clubes, mas é a de Vasco Luís (HC Turquel), Bruna Santos (Cister SA), Hugo Santos (GD Martingança), Bruno Daniel (Ginásio) e Espanhol (CCRD Burinhosa). Em modalidades que se praticam de formas tão diferentes há um denominador comum: o amor à camisola.
“Isto é como uma relação amorosa, uma vez dá-se a mão e outra vez recebe-se, e no fim quem ganha é o amor”, foi esta a forma que Espanhol, capitão da Bury, utilizou para descrever ao REGIÃO DE CISTER a década em que está ao serviço do clube da aldeia de futsal. “Nestas 10 temporadas vivi na primeira pessoa o fantástico trajeto até à 1.ª Liga”, conta o fixo/ala, que é o único jogador do plantel burinhosense a ter participado nesta subida “alucinante”. “Tinha 19 anos quando o mister Kitó Ferreira me convidou para integrar o projeto do clube e desde então o sentimento pelo clube foi crescendo cada vez mais”.
”Quando reuni pela primeira vez com o técnico e presidente do clube perguntaram-me quanto é que pretendia auferir e a minha resposta foi ‘nada’”, confessa o leiriense, que à parte do futsal gere um ginásio na Marinha Grande. “Não é o dinheiro que me move pelo que dificilmente iria sair do Burinhosa”, afirma o líder do balneário.
Mas se Espanhol está “só” há dez temporadas no clube o mesmo não podem dizer Vasco Luís e Bruno Daniel, que representam os Brutos dos Queixos e os azuis, há 28 e 21 anos, respetivamente.
“Tinha quatro anos quando calçei pela primeira vez os patins para treinar, não foi a melhor experiência, mas fui ganhando o jeito com o tempo”, relembra Vasco Luís, que nunca conheceu outro amor que não o do HC Turquel. “Nasci aqui, cresci aqui e é aqui que sou feliz”, destaca o capitão turquelense, que no início nem era dos mais habilidosos com os patins e com o stick. “Não era muito versátil mas consegui desenvolver as minhas capacidades e chegar à equipa sénior com apenas 18 anos”, conta o turquelense.
Apesar de no final de cada temporada os adeptos lhe pedirem camisolas, e até os stick e joelheiras… o goleador turquelense nota que o desporto já não se vive da mesma forma. “Quando eu era dos mais novos da equipa sentia-me nervoso quando jogava com os mais experientes, mas agora as coisas são diferentes”, realça. “Quando sobem do escalão de juniores a seniores os meninos já estão muito mais à vontade”, diz o experiente jogador relembrando alguns momentos. “Houve meninos que tinham de se equipar noutro balneário porque os capitães pediam que assim fosse. Era praxe”.
Este à vontade é também apontado por Bruno Daniel que iniciou a formação no Ginásio com 7 anos. “Já não existe a mística de outros tempos, o desporto mudou muito e hoje troca-se um clube por mais uns trocos ou por objetivos um bocadinho superiores”, desabafa o capitão dos azuis. “Há uns anos os jogadores que jogavam pela equipa do escalão acima eram muito mais contidos e por vezes nem falavam muito nos treinos” descreve o médio, acrescentando que apesar da timidez “via-se que estavam muito felizes por estar ali”.
O líder do balneário no Municipal de Alcobaça é experiente em jogar nos escalões acima, não raras as vezes o fez, e hoje, aos 29 anos, já não pensar em subir na carreira. “Quero apostar na minha formação profissional”, afirma, revelando que todos as épocas recusa propostas para deixar o Ginásio. “O dinheiro não é tudo e prefiro jogar ao lado daqueles com quem me sinto realmente bem e feliz”, destaca Bruno Daniel.
Mais complicada é a vida de Bruna Santos, jogadora das seniores do Cister SA e que veste de amarelo e azul há 11 épocas consecutivas. A menina, de apenas 19 anos, frequenta o curso de Bioquímica em Coimbra, mas não abdica de regressar a Alcobaça todos os fins de semanas para representar o clube do coração. “É um esforço que vou continuar a fazer enquanto me sentir bem a jogar”, conta a jovem, acrescentando que no clube há muito companheirismo e ainda se “respira” o símbolo que se enverga ao peito.
A central que tinha como referência a jogadora Adriana Raimundo partilha agora a quadra com a conterrânea alcobacense e nota que jogar pelo clube proporcionou-lhe amizades para a vida.
O sentimento é partilhado por Hugo Santos, jogador que se iniciou no voleibol do GD Martingança há cinco épocas, mas que já tinha representado o clube no escalão de infantis em futsal…”Representar o GD Martingança é ter ao peito o símbolo da minha terra e do clube do meu coração”, reitera o distribuidor, de 21 anos, que estuda Ciência Farmacêuticas em Covilhã e que só treina uma vez por semana. “Nem sempre sou a primeira opção do técnico, mas nem isso me faz abdicar deste esforço semanal”, assevera o martingancense. “Alguns dos melhores amigos fiz naquele clube e só posso retribuir com dedicação e empenho”.
Se Espanhol desse a “stickada final” e Vasco Luís pisasse os relvados, se Bruno Daniel jogasse com as mãos enquanto Bruna Santos serve para fechar o set e Hugo Santos marca o livre de 10 metros, é garantido que o fariam como exemplos de amor à camisola. Afinal, numa relação uma vez tem de se dar uma parte de nós para que noutra se receba. Só assim nasce um verdadeiro amor.