Cristina Vicente estava a ser observadada, em 2016, pelo conselho de arbitragem num jogo da 1.ª Divisão distrital entre Sp. Estrada e Alvorninha, mas uma rasteira levou a que a árbitra tivesse de abandonar o encontro ao intervalo.
Cristina Vicente estava a ser observadada, em 2016, pelo conselho de arbitragem num jogo da 1.ª Divisão distrital entre Sp. Estrada e Alvorninha, mas uma rasteira levou a que a árbitra tivesse de abandonar o encontro ao intervalo. Da bancada acabaria por saltar o árbitro Nuno Matias para arbitrar a segunda metade. Poucos sabiam era que o juíz estava a assistir à partida pelo facto de Cristina Vicente ser sua namorada…
“Normalmente tentamos ir ver os jogos um do outro e naquele dia calhou estar na bancada”, conta ao REGIÃO DE CISTER Nuno Matias, explicando que o gosto pela arbitragem teve especial influência da namorada. “Como ela já era árbitra incentivou-me a seguir este caminho”, explica o ex-jogador que está próximo de atingir o nível C2, que o nomeia como juíz de 2.ª Divisão nacional.
Menos feliz tem sido a carreira da beneditense que já sofreu várias lesões, mas que apesar disso tem feito um percurso notável. “Estou no quadro feminino da Federação Portuguesa de Futebol, mas quero atingir o nível C2”, assevera a jovem, de apenas 25 anos.
Cristina Vicente começou a arbitrar em 2013/2014 e em 2016/2017 viria mesmo a fazer dupla oficial de árbitros com o namorado… ”Éramos algo inexperientes e por isso não havia nenhum que ‘mandasse’ mais do que o outro”, descreve a personal trainer, explicando que hoje é mais fácil comunicarem entre os dois porque já são mais experientes e sabem o que o outro vai decidir. “Se estiver a ver um jogo do Nuno sei quase exatamente como ele vai decidir em cada lance e o contrário também acontece, embora o Nuno seja mais calmo em campo”, confessa.
“A atuação dos árbitros reflete a postura das equipas, do público mas também a forma como cada árbitro quer gerir os encontros”, nota o juíz, de 27 anos, que destaca a preparação que os árbitros fazem para cada jogo.
Entre centenas de jogos já arbitrados na carreira, 70 foram como dupla e houve até partidas em que Nuno Matias teve de arranjar um novo colega de apito porque Cristina Vicente estava… lesionada. “Num jogo entre Louriçal e Chãs a Cristina foi apitar lesionada porque não havia mais árbitros disponíveis. No entanto, no decorrer do encontro teve mesmo de ir para o hospital e acabei por apitar com um dirigente de umas das equipas”, relembra Nuno Matias, sublinhando que ainda foi arbitrar outro encontro antes de ir buscar a namorada ao Hospital de Pombal, já de madrugada…
“Apesar de não ter sorte com a forma física uma vez que estou regularmente lesionada, sempre consegui subir de nível”, assinala a árbitra, brincando que na relação pessoal é ela quem mais “apita”. “Sou mais efusiva do que ele e por isso acabo por ser eu muitas vezes a tomar posição”, revela. Já Nuno Matias defende-se com a tranquilidade que o caracteriza.
Em casa fala-se de arbitragem quando é necessário e saber lidar com uma relação em campo também exige saber fazê-lo em casa. “Se vir que um jogo correu menos bem ao outro apenas refletimos e conversamos sobre a performance no dia a seguir”, evidencia o árbitro, esclarecendo que sempre que assistem a jogos um do outro se inibem de ficar perto dos adeptos. “Já conhecemos as pessoas e sabemos que vai haver sempre contestação, mas tentamos não dar demasiada importância a isso”, nota.
Por enquanto, certo é que os dois árbitros beneditenses partilham a mesma paixão e que continuam a ser uma dupla, nomeadamente no que ao amor diz respeito.