A Nazaré prepara-se para um dos momentos mais aguardados da sua história cultural. No próximo dia 20 de dezembro, abrirá finalmente ao público o Museu Mário Botas, espaço dedicado à vida e obra do pintor nazareno que marcou profundamente a arte portuguesa do século XX. O novo museu, instalado na antiga escola primária onde o artista estudou, concretiza uma ambição com mais de duas décadas e representa, nas palavras de Rúben Cabral, presidente do Conselho de Administração da Fundação Mário Botas, “um momento fundamental para o desenvolvimento e para a própria identidade da Nazaré.
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“A abertura do museu vai modificar a vida da Nazaré, nomeadamente no que concerne às visitas culturais. Vai ser extremamente positivo para a vila”, sublinha o também professor. O caminho até à inauguração foi longo e marcado por desafios burocráticos e institucionais. “Há 20 anos que esperamos por este momento.
A demora não teve a ver com a Fundação, mas com a ligação entre instituições e com a enorme burocracia que temos em Portugal. Só há um ano o edifício obteve licença de utilização”, explica Rúben Cabral ao REGIÃO DE CISTER. O presidente recorda que “abrir o museu era fácil, difícil era mantê-lo aberto no dia seguinte”, uma vez que a Fundação não dispunha de recursos próprios para garantir o funcionamento do espaço. “Foi preciso gerar uma série de boas vontades. Chegámos a uma altura em que conseguimos estabilidade, houve concordatas e protocolos com a Câmara da Nazaré, que asseguram agora a manutenção do museu”, esclarece o presidente, descrevendo este momento como “fantástico”, após “uma demorada fase que finalmente chegou ao fim”.
A exposição inaugural, intitulada “Le Spleen de Moi-Même…”, reunirá cerca de 70 obras do artista. “É um conjunto com história, uma coleção já existente, pensada como um todo. Não tenho dúvidas de que será motivo de estudo”, adianta o responsável da fundação. O novo espaço pretende ser mais do que um repositório de arte. Será, segundo Rúben Cabral, um lugar de diálogo entre o legado de Mário Botas e a comunidade. “Esperamos interações com residentes, escolas e turistas. A vila tem um espólio e um museu num local fantástico, que pode tornar-se um ponto de encontro cultural”, crê o presidente da Fundação Mário Botas.
A organização prepara também mudanças internas. “A tomada de posse do novo Conselho de Administração será uma realidade antes do final do ano. Estamos a contactar pessoas, algumas já aceitaram. O conselho cessante proporá os nomes para votação”, confirmou Rúben Cabral.
O Museu Mário Botas não abrirá diariamente, mas estará acessível ao público aos fins de semana, com a possibilidade de alargar o horário conforme a procura de visitantes locais e turistas. Mais do que um espaço expositivo, o museu nasce com a ambição de recolocar Mário Botas no centro da memória cultural da Nazaré, décadas depois da criação da Fundação que leva o seu nome. Para Rúben Cabral, esta inauguração é “um regresso a casa – não só do artista, mas da própria identidade da Nazaré”.


