Os amigos Luciano Rodrigues e António Caparica já apoiavam a comunidade mais carenciada da freguesia de São Martinho do Porto com a doação de refeições quentes que sobravam da atividade da restauração local. Contudo, com o início da pandemia os pedidos de apoio quase triplicaram e os voluntários foram obrigados a procurar novas soluções.
Os amigos Luciano Rodrigues e António Caparica já apoiavam a comunidade mais carenciada da freguesia de São Martinho do Porto com a doação de refeições quentes que sobravam da atividade da restauração local. Contudo, com o início da pandemia os pedidos de apoio quase triplicaram e os voluntários foram obrigados a procurar novas soluções.
“O primeiro pedido de ajuda surgiu de um homem que já não comia há três dias. Era impossível ficar indiferente a esta situação pelo que reunimos esforços para criar um cabaz e garantir a alimentação para, pelo menos, uma semana”, conta Luciano Rodrigues ao REGIÃO DE CISTER. A partir desse momento, o “passa a palavra” levou ao aumento exponencial das solicitações de apoio, principalmente de agregados familiares que perderam quase a totalidade do rendimento devido à pandemia de Covid-19. “Em São Martinho do Porto as pessoas vivem muito de trabalhos sazonais e com esta situação muita gente ficou sem ordenado. Com as crianças em casa a tempo inteiro a situação tornou-se insustentável”, lamenta.
Com o apoio do Centro Pastoral de São Martinho do Porto, que cedeu uma sala para o armazenamento dos bens doados, Luciano Rodrigues e António Caparica criaram uma “central” onde produzem os cabazes e entregam, de forma individual e sigilosa, os bens às famílias. Até à data, já foram entregues 185 cabazes, que incluem bens alimentares, mas também produtos de higiene pessoal. O apoio da comunidade local e dos imigrantes tem sido “fantástica” e, segundo os amigos, “é o grande motor deste projeto”. “Sem o apoio da comunidade não teríamos capacidade de resposta. As pessoas da vila vão à praça e deixam alguns bens pagos para nós, fazem doações com alguma frequência e estão muito atentas. A comunidade estrangeira tem sido incansável. Angaria dinheiro para fazer grandes compras e têm feito doações monetárias para adquirir carne e peixe”, declara António Caparica. Também alguns pescadores da Nazaré têm feito doação de pescado.
O aumento dos apoios, solicitados através de contactos pelo Facebook ou telefónicos, obrigou à “admissão” de mais duas voluntárias, mãe e filha. O projeto abrange as freguesias de São Martinho do Porto, Salir do Porto e Alfeizerão. No entanto, já foram apoiadas famílias de Alcobaça, da Maiorga e da Marinha Grande.
“Temos pessoas de todas as classes sociais a pedir ajuda. De funcionários de limpeza sazonal a dentistas. Esta foi uma crise que afetou todos, sem distinção. Ficamos felizes por conseguir apoiar a nossa comunidade”, conclui Luciano Rodrigues.