Se a temporada 2019/2020 não tivesse sido interrompida havia boas possibilidades de ser gloriosa para a equipa de futebol feminino Las Vegas Legends. A equipa preparava-se para discutir o título da liga WPSL (Women’s Premier Soccer League), ou seja, a 2.ª Divisão de futebol feminino nos EUA. Poucos saberão é que aquela formação é orientada pelo técnico beneditense Rogério Mendes.
Se a temporada 2019/2020 não tivesse sido interrompida havia boas possibilidades de ser gloriosa para a equipa de futebol feminino Las Vegas Legends. A equipa preparava-se para discutir o título da liga WPSL (Women’s Premier Soccer League), ou seja, a 2.ª Divisão de futebol feminino nos EUA. Poucos saberão é que aquela formação é orientada pelo técnico beneditense Rogério Mendes.
O treinador tinha sido contratado esta temporada e antevia uma época muito promissora: “Tínhamos uma equipa mesmo boa para ser campeã na liga WPSL, mas agora vamos ter de esperar até 2021 para disputar o campeonato”, desabafa o técnico ao REGIÃO DE CISTER.
Como é liderar uma equipa feminina? “O futebol feminino nos Estados Unidos é ainda mais popular do que o futebol masculino e vi logo que tem que haver diferenças no estilo como treinador. No futebol masculino um treinador tem que baixar o ego dos seus jogadores e ajudar, enquanto no futebol feminino para a maioria das jogadoras é o oposto. Há demasiada humildade e menos ego”, compara o técnico que treina mulheres desde 2012.
Rogério Mendes viveu os três primeiros anos de vida na Benedita, mas a situação favorável aos imigrantes nos EUA levou a que o beneditense fosse com os pais para a América. “Os Estados Unidos era muito mais rico em oportunidades para imigrantes”, refere.
Foi no outro lado do Atlântico que deu os primeiros toques como jogador, mas uma lesão grave aos 15 anos levou o beneditense a um “novo olhar sobre o desporto”. “Comecei a ver o futebol mais estratégico, como se de um jogo de xadrez se tratasse, e aí começou uma paixão mais profunda pelo futebol”, conta, notando que aos 18 anos iniciou-se como adjunto.
Mas fazer vida de profissional de futebol não era fácil, pelo que Rogério Mendes teve de se adaptar e formou-se em Educação nos EUA, voltando depois aos 26 anos à terra natal. “Vim fazer um estágio no Ext. Benedita, em 1996, e acabei por aproveitar esse tempo para fazer treinos no Beneditense que nesse tempo militava na 2.ª Divisão B”, relembra o técnico, confessando que “já pensava ser treinador e esta passagem foi uma experiência muito importante nesse aspeto”.
Até 2007 esteve em Portugal, jogando pelo CRP Ribafria, na época 2003/2004, e treinando nos dois anos seguintes no Gaeirense, até voltar a emigrar para os Estados Unidos.
No currículo no Norte da América, o jovem treinador, de 43 anos, conta com experiências nos vários escalões de formação e é formador certificado no Estado de Nevada. “Ensinar outros treinadores é uma maneira de ter um impacto ainda maior naquilo que faço”, descreve o beneditense, observando que o futebol americano ainda está distante do desenvolvimento do futebol europeu.
“A organização é muito superior na Europa”, diz, acrescentando que, no entanto, “o futebol nos EUA não tem a mesma história do futebol europeu”.
Por enquanto, o caminho do técnico Rogério Mendes prossegue em Las Vegas, mas talvez o futuro dite o regresso à Benedita.
Um título especial e o regresso a casa…
Num torneio realizado em Rio Maior, Rogério Mendes dirigiu a equipa de sub-15 do Western United Pioneers e, numa partida diante da equipa do coração, foi produzido um troféu para homenagear o antigo dirigente do Beneditense e seu tio, Zé “Abóbora”, que lutava contra um cancro. “Ver um jogador meu a receber um prémio das mãos do meu tio foi inesquecível”, relembra.
No horizonte do técnico beneditense está o regresso à sua terra-natal, aquela que é a “sua casa do coração” e onde vive o filho Tiago Mendes, que, sem surpresas, joga nos sub-13 do Beneditense.