O futuro do que resta da temporada dos escalões de formação continua incerto e à espera de “melhores notícias” no capítulo da saúde pública.
O futuro do que resta da temporada dos escalões de formação continua incerto e à espera de “melhores notícias” no capítulo da saúde pública.
Os treinos são condicionados às regras da Direção Geral de Saúde e a competição está em stand-by. Andreia Barata é especialista em Psicologia no Desporto e ao REGIÃO DE CISTER analisa o impacto desta época nos atletas mais novos.
Além da importância na saúde física de cada jogador, a coordenadora de formação da Alcobacense destaca a importância na saúde psicológica do atleta. “O desporto é uma componente fundamental no desenvolvimento psicológico das crianças, já que é uma via de inclusão social, de aprendizagem dos princípios da socialização, de valores, de superação pessoal”, refere Andreia Barata, mostrando-se preocupada com os impactos desta paragem.
“Se já era difícil lutar contra todos os estímulos virtuais existentes em casa, com este ano praticamente obrigados a isolarem-se, teremos certamente crianças menos tolerantes, com menor capacidade de socialização e superação e pouca capacidade de traçar objetivos”, analisa a alcobacense, considerando que “o abandono de muitos jovens está nessa falta de competição, sobretudo em escalões acima dos 15 anos”,
“Como podemos explicar a um jovem de 7 ou 16 anos que vê a mãe ir treinar, o pai ir ao desporto e a jogar na televisão e ele não pode fazer um simples 2×2 num treino?”, questiona a treinadora, explicando que a maior motivação de cada menino/a está na competição.
Para a ex-hoquista o problema assenta na “incoerência das condicionantes, que leva os jovens a andarem revoltados e desmotivados”.
Andreia Barata refere que o desporto não está a ser bem equacionado relativamente às outras componentes da sociedade e a dualidade de critérios é o “grande problema”.
Ainda assim, a técnica e coordenadora também ressalva que não é “fácil para quem está a tomar decisões sobre a saúde pública num panorama destes”, sendo urgente traçar apoios às federações e associações desportivas, para que estas “possam facto munir os clubes de ferramentas que permitam voltar a ter os atletas”.
No caso da Alcobacense, a coordenadora do clube revela que a taxa de abandono foi significativa, mas que aos poucos “vão aparecendo mais crianças”, o que indica que “as coisas estão bem encaminhadas”, assevera.
Por agora, urge cumprir as regras de saúde pública e esperar que o futuro traga de volta as crianças e o desporto na sua plenitude.