Era um menino de 11 anos quando começou a dar serventia a pedreiros. O trabalho desde cedo afastou-o da escola e foi no ofício de mecânico automóvel que se encontrou, com 13 anos, quando foi para a Marinha Grande aprender trabalhando, como se fazia na época.
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Pataiense de gema, António Silvério herdou do pai a alcunha de Vilela, não sabe bem porquê, e foi esse o nome que deu à oficina com que se estreou por conta própria, com apenas 21 anos.
Em Pataias, todos o conhecem por Vilela, dono de uma das mais antigas oficinas da região. Fundada em 1977, a oficina funcionou primeiro na garagem da casa dos pais, onde esteve dois anos, e depois nas atuais instalações, bem no centro da vila de Pataias. A empresa completa este ano 45 anos de atividade.
Ao início, e além da assistência em mecânica, a oficina Vilela também prestava serviço de bate-chapas, mas acabou por se especializar só na área que António Silvério dominava bem.
Chegou a ter oito funcionários e hoje assegura três postos de trabalho. O movimento não é o mesmo de outros tempos, mesmo quando abriu e eram “três ou quatro oficinas em Pataias”. O movimento maior no Vilela foi nos anos em que prestava assistência às inúmeras camionetas das empresas de móveis da região. O declínio do setor dos móveis no Norte do concelho ajudou António a focar-se apenas na reparação de veículos ligeiros.
Em quatro décadas e meia, as mudanças no setor da reparação automóvel foram muitas. “Antes não tínhamos acesso à informação e as coisas eram feitas com conhecimento, mas também improviso”, reconhece o empresário, que foi progredindo à medida do desenvolvimento da indústria automóvel. “Sempre fiz muitas formações porque os cursos ficam desatualizados muito rapidamente pela evolução do setor”, explica ao REGIÃO DE CISTER.
“Antigamente as ferramentas eram caríssimas. Hoje, além de mais baratas, há em todo o lado”, constata o mecânico, que tem clientes sobretudo de Pataias.
Vilela reconhece o peso de quase meio século de porta aberta. Aos 66 anos, a reforma já está no horizonte do empreendedor. O filho é formado em Engenharia Automóvel e tudo se perfilava para que fosse ele a suceder-lhe no negócio. O destino, porém, trocou-lhe as voltas. “Pensava que o meu filho ficava com isto, mas ele não quer. Está a seguir outro caminho profissional”, conta, com algum desânimo, o empresário, que pensa em alugar ou vender o negócio depois de arrumar, de vez, todas as ferramentas na histórica oficina.