Foi há quase uma década que a Cerâmicas São Bernardo deu lugar à Perpétua Pereira & Almeida (PPA), que este ano deverá fechar o volume de negócios em cerca de 2,5 milhões de euros, o que representa um recorde desde que foi criada. O “apogeu” da empresa foi elogiado pela ministra da Coesão Territorial, que visitou as instalações da PPA na passada segunda-feira, na sequência de um convite feito pela administração.
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“É uma empresa jovem, mas tem um know-how de mais de 40 anos”, recordou Fernando Perpétua, que partilha a administração com Elsa Almeida e Jorge Pereira Horta. “Não estávamos à espera de ser empresários, dizíamos todos que não mas acabámos por aceitar o desafio e ainda bem, antes éramos 40 e hoje somos 70”, sublinhou o engenheiro cerâmico.
Os antigos quadros superiores assumiram a gestão e conseguiram equilibrar as contas, mantendo a aposta na inovação e design e adaptando-se às exigências dos mercados internacionais. A PPA reforçou as exportações, reduziu os desperdícios, apostou na digitalização e tem feito vários investimentos ao nível das energias renováveis: o último foi de 150 mil euros na instalação de 190 painéis solares no telhado da fábrica.
“A inovação, o design e a criatividade são o ADN da empresa anterior e desta também”, sublinhou Fernando Perpétua. “Nunca conseguimos apoios para os projetos que temos feito e temos feito vários investimentos com meios que vamos gerando“, confessou o empresário, revelando que há “outros projetos para fazer“.
Durante a cerimónia, o presidente da Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria (APICER), José Pratas, salientou o peso do setor na economia nacional, considerando “a cerâmica muito relevante em Portugal” e agradecendo a visita da ministra às empresas, como o fez em Alcobaça, de forma a “levar [ao Conselho de Ministros] as preocupações dos empresários cerâmicos, relativamente aos preços de energia e matérias-primas do futuro”.
Lembrando que a freguesia de Évora de Alcobaça é sede de duas das maiores organizações de produtores da Maçã de Alcobaça, o presidente da Junta admitiu ser um “orgulho” para a freguesia e para o município ver o “sucesso” da PPA. “Hoje em dia estão na moda as palavras ‘recuperação’ e ‘resiliência’ e adaptam-se bem a esta empresa, que passou por uma grande crise, mas que com vontade de trabalhar e determinação destes três empresários e desta equipa conseguiu dar a volta”. “Há um relacionamento entre a administração e os trabalhadores que vai muito além da relação entre patrão e empregado“, salientou Fernando Azeitona, “vizinho” da PPA.
Já o presidente da Câmara destacou que o concelho de Alcobaça é responsável por 17% das exportações do setor e elogiou o “trabalho de parceria entre as empresas do setor da cerâmica”, dando como exemplo a presença de outras três empresas na visita da ministra à PPA. “Hoje mais do que nunca são necessárias medidas concretas de financiamento, que permitam alavancar a nossa economia, em particular o setor da cerâmica, fustigado pelo aumento drástico da energia“, notou o autarca.
Agradecendo a “aula” dada por Fernando Perpétua e a visita à fábrica, a ministra desafiou a empresa a concorrer aos fundos comunitários, elencando “o volume de investimento no concelho de Alcobaça para os projetos empresariais apoiados por fundos europeus de 100 milhões de euros”. “Para quem não queria ser empresário, diria que são uns excelentes empresários; para quem pensou e ponderou, creio pensaram e ponderam muito bem, é impossível não nos entusiasmarmos com a forma como vivem cada peça”, rematou Ana Abrunhosa.