A expressão popular “são muitos anos a virar frangos” é utilizada por muitas pessoas metaforicamente, mas Pedro Francisco pode mesmo dizê-la no sentido literal, tanto que é conhecido como “Pedro dos frangos”. Afinal, são já mais de três décadas a virar e assar milhares de frangos, por ano, e com a particularidade de o fazer nas “festas da terrinha”.
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A história começou no início da década de 1990, quando Pedro Francisco começou a acompanhar o sogro. Paulatinamente, foi ganhando gosto pela profissão até chegar ao patamar em que se encontra hoje. “No ano passado, assei 33 mil frangos só para as festas das localidades”, afirma o homem residente em Turquel, realçando que os números deverão ser superados este ano. “Comecei a temporada de festas mais cedo em 2024. Iniciei em abril e vou continuar até outubro”, nota.
Pedro Francisco diz não saber em quantas festas marca presença ao longo de uma “temporada”, mas elucida que, durante o período de atividade festiva, não tem descanso. “São semanas e semanas de muito trabalho”, vinca.
O volume de trabalho forçou-o a deixar o trabalho no restaurante “Taverna Atlântica” para ter mais tempo disponível para “preparar o serviço pretendido para cada festa”.
“Pedro dos frangos” salienta o apoio do filho Bruno, durante as férias da escola. “É um orgulho para mim ter a ajuda do meu filho, porque ele tem 16 anos e podia estar na praia com os colegas, mas está aqui a aprender e a adquirir valores para o futuro”, realça o turquelense, explicando também a importância de uma boa dinâmica entre os festeiros para o trabalho correr na perfeição. “São parte ativa da festa. O apoio deles é fundamental para melhorar o nosso serviço. Quando nos integram bem, o ambiente é bom e saímos todos beneficiados”, defende.
O frango é mesmo a estrela das festas da freguesia, de associações e outras coletividades. Por esse motivo, tem de ser servido da melhor maneira para agradar a quem se senta à mesa. “90% das pessoas que come nestes eventos pede frango. É fundamental ter um produto de qualidade, depois, procuro não guardar o frango, ou seja, tiro-o da assadeira diretamente para o cliente”, revela Pedro Francisco um dos seus segredos para a excecionalidade.
A procura intensa pelo frango nas festas leva a que o produto seja visto como uma fonte de rendimento importante para a sustentabilidade de muitas organizações. Tal facto acresce responsabilidade ao seu trabalho, que só por si já não é fácil de executar. “Trabalhamos em locais que têm cozinhas improvisadas, que por vezes fumam mal e temos de nos adaptar.
Além do fumo, também o calor das brasas torna o serviço complicado”. Ao mesmo tempo, o trabalho tem de ser rápido para dar mais rentabilidade às festas, satisfazendo mais pessoas. Simultaneamente, Pedro Francisco chega a ter 120 frangos na grelha, tendo de os abrir, limpar e temperar previamente antes do carvão estar em brasa.