Segunda-feira, Dezembro 15, 2025
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Associação dá “aconchego” a ex-toxicodependentes

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À saída de Alcobaça, em direção a Aljubarrota, há uma casa de três andares que pode passar despercebida à primeira vista. Mas, lá dentro, Fernando Henriques faz do mote “dar e receber” o lema da Dias d’Aconchego, uma associação muito requisitada que acolhe toxicodependentes em recuperação de todo o País.

À saída de Alcobaça, em direção a Aljubarrota, há uma casa de três andares que pode passar despercebida à primeira vista. Mas, lá dentro, Fernando Henriques faz do mote “dar e receber” o lema da Dias d’Aconchego, uma associação muito requisitada que acolhe toxicodependentes em recuperação de todo o País.

O sucesso desta associação, única na cidade, deve-se ao “curso intensivo” que Fernando Henriques, natural de Caldas da Rainha, fez “durante 20 anos na droga”. É o próprio rosto da associação que o admite. Um rosto renovado por quase seis anos de uma “vida nova” sem a influência de heroína e de cocaína, as suas drogas de “eleição”. Um rosto que não esconde o passado que viveu e que aproveita toda a experiência para tentar dar uma nova esperança a “jovens” que, como ele, tenham enveredado por um caminho sem fim.

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Foi com este objetivo que, no dia 26 de setembro de 2014, fundou a associação. Já foram 16, mas, neste momento, a associação acolhe oito pessoas, sem contar com Fernando Rodrigues e a esposa que também habitam naquela casa de três andares. O responsável apelida os hóspedes de “jovens” mas, na verdade, são todos mais velhos do que ele. “Jovens é uma forma carinhosa de os tratar”, explica Fernando Henriques.

É nesta forma diferenciada de “tratar” as adições a estupefacientes que reside a fórmula para uma desintoxicação saudável e definitiva. Mas não pense que é um processo fácil ou rápido. Primeiro, a vontade de ficar “limpo” tem de ser “iniciativa própria”, só assim é que a recuperação é bem sucedida, adianta o anfitrião. E depois é preciso tempo, ir “vivendo um dia de cada vez” e manter a “cabeça ocupada tentando levar uma vida normal”, conclui Fernando Henriques.

Para isso, a associação “arranja” todos os tipos de trabalhos para os utentes desempenharem e se manterem ocupados. Seja na pintura, na construção, jardinagem ou carpintaria, há trabalho que chegue para todos os que desejem mudar de vida.

É através deste género de trabalhos que a Dias d’Aconchego consegue angariar parte dos fundos necessários para manter a associação. O restante é obtido através da “reciclagem”. O tal curso intensivo de Fernando Rodrigues “ensinou-lhe” de tudo um pouco para conseguir arranjar dinheiro para sustentar o vício. Hoje, aproveita a “experiência” para reaproveitar e reparar móveis antigos ou eletrodomésticos que são, posteriormente, vendidos numa “mini-loja” de cariz social.

As pessoas que procuram este serviço precisam, muitas das vezes, “mais de ajuda do que nós”, refere o anfitrião. Por isso, não são raras as vezes em que os materiais recuperados pela associação são doados a famílias que passam por graves carências económicas. Dar e receber, portanto.

Apesar de se ter estabelecido há pouco tempo na cidade, Fernando Rodrigues e a Dias d’Aconchego já estão bem entrosados na comunidade e no tecido económico local. “Recebemos muitos donativos e a loja é muito procurada”, garante. O Facebook é, também, “uma arma de marketing” para vender móveis e eletrodomésticos. “Toda a gente conhece a loja e reconhece o trabalho que fazemos na associação”, defende, orgulhoso. Tudo isto no seio de uma comunidade que “não aponta o dedo”. De salientar que aos que pretendem mudar de vida não é pedida qualquer “renda“, sendo os “tratamentos” completamente gratuitos.

À primeira vista, passa despercebida. Mas assim que se conhece o trabalho desenvolvido pela associação é impossível ficar indiferente à experiência de Fernando Henriques e ao novo rumo que tenta dar aos seus “jovens”.

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