Segunda-feira, Novembro 17, 2025
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Antiga Casa Canário mantém viva tradição da mercearia na cidade

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Chegavam a fazer fila à espera que o senhor José Vicente e a mulher Maria Irene Lameiras voltassem da hora de almoço. No dia em que venderam castanhas pela primeira vez só conseguiram “despegar” perto das 9 da noite. Os tempos mudaram, mas a pequena mercearia permanece de portas abertas, no mesmo local, passados 38 anos, com o mesmo objetivo: servir bem o cliente. Tanto que é ainda hoje é conhecida pela “antiga Casa Canário”.

 

Chegavam a fazer fila à espera que o senhor José Vicente e a mulher Maria Irene Lameiras voltassem da hora de almoço. No dia em que venderam castanhas pela primeira vez só conseguiram “despegar” perto das 9 da noite. Os tempos mudaram, mas a pequena mercearia permanece de portas abertas, no mesmo local, passados 38 anos, com o mesmo objetivo: servir bem o cliente. Tanto que é ainda hoje é conhecida pela “antiga Casa Canário”.

Os mais velhos terão ainda memórias do espaço, aberto por António Ferreira Canário, na Rua Dr. Brilhante, nos anos 1940. O principal negócio do antigo proprietário da moagem junto ao rio era a venda de “farinhas”. E ali permaneceu até 1981, ano em que a casa passa para José Vicente Augusto, que desde então se tem mantido atrás do balcão.

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Se na lista de compras tiver frutas, legumes, pão, bolos, chocolates, rebuçados, bacalhau, leite, azeite, arroz ou mel a antiga Casa Canário pode ser o espaço que procura, que bem à moda do mini-mercado tradicional vende de tudo um pouco. “Já desisti foi dos congelados”, conta José Vicente, que antes de agarrar a “oportunidade” de negócio herdada pelo fundador da casa esteve emigrado uma década em França. “Tinha o bichinho deste negócio há algum tempo e não estou arrependido de o ter feito”, sublinha o comerciante, que ao longo do percurso contou sempre com o apoio da mulher.

Depois de remodelar o espaço com “mais vitrines, produtos e prateleiras e uma balança eletrónica”, não havia mãos a medir, mesmo quando o casal ainda tinha o apoio de duas empregadas. “A oferta era pouca e as pessoas, da cidade e de fora, vinham sempre aqui fazer as suas compras, além dos empregados da Crisal que todos os dias vinham abastecer-se dos bens essenciais”, recorda o homem que, aos poucos, ficou conhecido por trazer produtos novos. A antiga Casa Canário foi, aliás, a primeira casa em Alcobaça a vender castanhas, figos, ananazes…  e kiwis. “Em França já tinha visto kiwis mas nunca tinha provado e como sempre gostei de arriscar comprei uma caixa de 1,5 quilos no Mercado Abastecedor de Lisboa, que me custou 1.650 escudos”. Curiosamente, foi dessa mesma caixa que o senhor Vicente, que muitos clientes chamam de senhor Canário, provou o primeiro kiwi. “Primeiro não gostou mas agora não passa um dia sem comer dois pelo menos”, graceja Maria Irene Lameiras.   

A clientela divide-se entre os fiéis clientes do mini-mercado, alguns tratados pelo nome, e os turistas que por ali passam. “Infelizmente muitas das coisas ficam largadas pelas prateleiras do espaço uma vez que o autocarro não espera por eles”, lamenta. Mas é a fruta de Alcobaça que continua a ser a mais procurada. Tanto que já ali fez entrar José Hermano Saraiva. No programa “A Alma e a Gente VII” que o historiador gravou em Alcobaça em 2009 foi escolhida a antiga Casa Canário para sevir de cenário “às melhores maçãs que se comem em Portugal”.

O casal espera agora que “alguém dê continuidade ao negócio”, para que possa descansar e passar mais tempo com a família. Até lá, a Casa Canário continuará de porta aberta. 

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