Chegavam a fazer fila à espera que o senhor José Vicente e a mulher Maria Irene Lameiras voltassem da hora de almoço. No dia em que venderam castanhas pela primeira vez só conseguiram “despegar” perto das 9 da noite. Os tempos mudaram, mas a pequena mercearia permanece de portas abertas, no mesmo local, passados 38 anos, com o mesmo objetivo: servir bem o cliente. Tanto que é ainda hoje é conhecida pela “antiga Casa Canário”.
Chegavam a fazer fila à espera que o senhor José Vicente e a mulher Maria Irene Lameiras voltassem da hora de almoço. No dia em que venderam castanhas pela primeira vez só conseguiram “despegar” perto das 9 da noite. Os tempos mudaram, mas a pequena mercearia permanece de portas abertas, no mesmo local, passados 38 anos, com o mesmo objetivo: servir bem o cliente. Tanto que é ainda hoje é conhecida pela “antiga Casa Canário”.
Os mais velhos terão ainda memórias do espaço, aberto por António Ferreira Canário, na Rua Dr. Brilhante, nos anos 1940. O principal negócio do antigo proprietário da moagem junto ao rio era a venda de “farinhas”. E ali permaneceu até 1981, ano em que a casa passa para José Vicente Augusto, que desde então se tem mantido atrás do balcão.
Se na lista de compras tiver frutas, legumes, pão, bolos, chocolates, rebuçados, bacalhau, leite, azeite, arroz ou mel a antiga Casa Canário pode ser o espaço que procura, que bem à moda do mini-mercado tradicional vende de tudo um pouco. “Já desisti foi dos congelados”, conta José Vicente, que antes de agarrar a “oportunidade” de negócio herdada pelo fundador da casa esteve emigrado uma década em França. “Tinha o bichinho deste negócio há algum tempo e não estou arrependido de o ter feito”, sublinha o comerciante, que ao longo do percurso contou sempre com o apoio da mulher.
Depois de remodelar o espaço com “mais vitrines, produtos e prateleiras e uma balança eletrónica”, não havia mãos a medir, mesmo quando o casal ainda tinha o apoio de duas empregadas. “A oferta era pouca e as pessoas, da cidade e de fora, vinham sempre aqui fazer as suas compras, além dos empregados da Crisal que todos os dias vinham abastecer-se dos bens essenciais”, recorda o homem que, aos poucos, ficou conhecido por trazer produtos novos. A antiga Casa Canário foi, aliás, a primeira casa em Alcobaça a vender castanhas, figos, ananazes… e kiwis. “Em França já tinha visto kiwis mas nunca tinha provado e como sempre gostei de arriscar comprei uma caixa de 1,5 quilos no Mercado Abastecedor de Lisboa, que me custou 1.650 escudos”. Curiosamente, foi dessa mesma caixa que o senhor Vicente, que muitos clientes chamam de senhor Canário, provou o primeiro kiwi. “Primeiro não gostou mas agora não passa um dia sem comer dois pelo menos”, graceja Maria Irene Lameiras.
A clientela divide-se entre os fiéis clientes do mini-mercado, alguns tratados pelo nome, e os turistas que por ali passam. “Infelizmente muitas das coisas ficam largadas pelas prateleiras do espaço uma vez que o autocarro não espera por eles”, lamenta. Mas é a fruta de Alcobaça que continua a ser a mais procurada. Tanto que já ali fez entrar José Hermano Saraiva. No programa “A Alma e a Gente VII” que o historiador gravou em Alcobaça em 2009 foi escolhida a antiga Casa Canário para sevir de cenário “às melhores maçãs que se comem em Portugal”.
O casal espera agora que “alguém dê continuidade ao negócio”, para que possa descansar e passar mais tempo com a família. Até lá, a Casa Canário continuará de porta aberta.