Os irmãos David, de 7 anos, e Tomás Frazão, de 16 anos, partilham o sonho de serem ciclistas profissionais. Mas os elevados custos associados à prática da modalidade obrigam o irmão mais novo a “reutilizar” a bicicleta com que o mano se estreou a competir. E, mesmo assim, no orçamento desta família, a “fatura” associada ao ciclismo pode bem chegar aos milhares de euros, dado que a modalidade é bem capaz de ser a campeã da lista dos desportos mais caros na região.
Os irmãos David, de 7 anos, e Tomás Frazão, de 16 anos, partilham o sonho de serem ciclistas profissionais. Mas os elevados custos associados à prática da modalidade obrigam o irmão mais novo a “reutilizar” a bicicleta com que o mano se estreou a competir. E, mesmo assim, no orçamento desta família, a “fatura” associada ao ciclismo pode bem chegar aos milhares de euros, dado que a modalidade é bem capaz de ser a campeã da lista dos desportos mais caros na região.
O REGIÃO DE CISTER realizou, junto de clubes, associações e familiares de atletas, um levantamento das despesas associadas à prática das modalidades mais representativas na região. Os números variam entre os vários clubes, mas também dependem das escolhas que cada atleta (ou na maior parte dos casos a família) pretenda fazer. Seja como for, é possível traçar um “ranking” dos desportos que vão mais aos bolsos das famílias. Comecemos pelo vencedor.
“Comprar uma bicicleta pode custar até 8 mil euros e por isso temos de saber reutilizar os equipamentos”, refere ao REGIÃO DE CISTER o pai dos jovens ciclistas que representam os beneditenses do RÓÓDINHAS Santos/Silva pelos trilhos de Btt. “Aproveito sempre o Natal para oferecer as bicicletas ou os equipamentos que eles querem”, confessa Mário Frazão, acrescentando que diversas vezes recorre a material em segunda mão. “São acessórios com apenas um ou dois anos e que conseguimos adquirir por quase metade do preço”, justifica. O esforço financeiro destes pais é “recompensado” com o trabalho e a dedicação dos filhos na escola. “Tento sempre mostrar que valorizo o investimento dos meus pais com trabalho e dedicação na escola”, relata o irmão mais velho, que já é um campeão regional e que vai cumprir a primeira época como júnior.
E se o ciclismo é o desporto que exige mais folga financeira, a patinagem artística também sobe ao pódio desta lista. “Se forem patins de iniciação podem custar até 300 euros, mas para um nível mais elevado de competição podem chegar a valores muito superiores”, conta Vera Silva, mãe da pequena patinadora Sara Isabel.
“Inicialmente comprei-lhe uns patins mais baratos mas numa fase da ainda curta carreira da Sara decidi comprar-lhe uns patins que custaram 1.000 euros. Mas há muitos pais que pedem o material emprestado, pois não têm possibilidades financeiras para comprar”, revela a também responsável pela secção de patinagem artística do CRP Ribafria. E justifica-se um investimento tão avultado quando se trata de formação? “Enquanto a Sara tiver um sorriso na cara vale tudo”, responde Vera Silva, citando as palavras da filha e que também ouve diversas vezes no pavilhão dos tefes: “Parece que estou a voar quando estou em cima dos patins”.
É precisamente em cima de patins que se pratica outra das modalidades mais dispendiosas da região. Falamos do hóquei. Ter um(a) filho(a) com um stique na mão e uns patins nos pés pode atingir os 1.000 euros anuais, mediante algumas variáveis como o nível de competição e a posição que ocupa na quadra. Caso seja um atleta de iniciação (até aos 11 anos) é possível adquirir uns patins por 50 euros. Contudo, o preço varia entre 300 e 400 euros se a criança ou jovem entrar em competição. O restante equipamento – caneleiras, joelheiras, stique – custa, em média, mais de 150 euros. A estes valores acrescem mensalidades, inscrições, equipamentos e deslocações do clube. Isto porque há clubes que não têm transporte privado para levarem os atletas aos jogos e torneios e quem paga essas “faturas” são… os familiares.
Mas há ainda mais varíaveis. Que o diga Vítor Santos, pai do guarda-redes Gabriel Santos, que representa a Alcobacense no escalão de sub-13. “Entre caneleiras, peitilho, coquilha, luvas, joelheiras, cotoveleiras, patins e stique gasto valores superiores a 1.000 euros”, nota o progenitor, alertando para a falta de apoios à modalidade e nas deslocações aos jogos, dado que as equipas da região disputam o campeonato regional da AP Lisboa, por não existir número suficiente de equipas no distrito, o que pode obrigar a deslocações superiores a 200 quilómetros duas vezes por mês. “Os pais são os principais patrocinadores do hóquei de formação”, destaca Vítor Santos.
Na natação, a conversa não é muito diferente. O pai de Joana Alves, nadadora do Benedita Sport Club de Natação, desabafa que para equipar a filha precisa de muito mais do que uma touca e um fato de competição. “Por época necessito de comprar diversos fatos de prova e de treino, óculos, toalhas, material próprio para treino”, enumera Miguel Alves, calculando uma média de 800 euros de despesas, caso todas as peças sejam adquiridas novas. “Após estas despesas para a prática desportiva, gastamos ainda em combustível para levar os filhos aos treinos todos os dias, e por vezes, em sessões bi-diárias”, ressalva.
Mais acessíveis, financeiramente falando, são os desportos como futebol, futsal ou andebol. Nestas modalidades, o custo anual inclui mensalidades e inscrições, assim como chuteiras ou sapatilhas e caneleiras. O preço aumenta caso os encarregados de educação tenham de adquirir equipamentos de jogo. Feitas as contas, ser ciclista ou futebolista não é, com certeza, bem a mesma coisa.