Sábado, Outubro 19, 2024
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Covid-19: Titulares na linha da frente no combate à Covid-19

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É tempo de arrumar o equipamento de jogo e vestir o equipamento de proteção individual para jogar a partida mais difícil das suas vidas. Os atletas Marcelo Azevedo, Tiago Batalha e Soraia Carriço estão na linha da frente no combate à pandemia da Covid-19. “O momento não é fácil, mas é agora que temos que lutar para que no final o objetivo seja cumprido”. É desta forma que o capitão Marcelo Azevedo, enfermeiro no serviço de urgências de Caldas da Rainha, olha para o “jogo da sua vida”.

O voleibolista e capitão do GD Martingança, que representa o clube há várias épocas, é um dos profissionais de saúde que está na linha da frente no combate à pandemia da Covid-19. “Este é o maior desafio na minha carreira e tem sido uma gestão física e psicológica complicada de fazer”, conta ao REGIÃO DE CISTER o pataiense que se licenciou há pouco mais de quatro anos. “Ainda não estavamos bem cientes do que estava a acontecer até aparecer o primeiro caso no hospital”, revela o jovem, numa das pausas de descanso. 

Entre dias divididos entre o serviço de urgência e a ida a Pataias, onde é residente, o jogador tem vivido intensamente estas semanas, mas revela que a situação já se encontra mais tranquila. “Como já temos noções diferentes deste novo vírus tem sido mais fácil lidar com os casos e com a forma como devemos atuar”, explica.

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No Centro Hospitalar de Leiria o enfermeiro Tiago Batalha esquece o futebol de praia e ajuda a tratar dos casos de infetados e suspeitos. “Por vezes recebemos pessoas devido a uma patologia diferente e acabamos por detetar que contrairam o vírus”, explica o internacional português. “O facto de ainda não se ter um conhecimento exato de como se ‘comporta’ o vírus, de quanto tempo fica no organismo e de qual é o melhor tratamento acaba por deixar a classe da saúde um pouco mais receosa”, afirma o nazareno, acrescentando que toda a equipa tem tido uma “mentalidade positiva para lidar com o panorama”. “É muito importante que assim seja para que o desfecho seja o menos negativo possível”, completando que “os pacientes já estão preparados para só verem os olhos dos profissionais”.

Enquanto Marcelo Azevedo e Tiago Batalha se deslocam a casa com alguma regularidade, Soraia Carriço chega a dormir no hospital. A jogadora da Qt.ª Sobrado deixou os tacos do pavilhão em suspenso e a movimentação tática é agora feita na Unidade de Cuidados Continuados do Hospital da Confraria da Nossa Senhora da Nazaré. Entre corredores e isolamento, mas com as devidas medidas de segurança.
A auxiliar de ação médica trabalha durante três dias, pernoitando nas instalações do hospital, e volta a casa para três dias de descanso confessando que este vírus tem sido o verdadeiro teste.

“Está a meter todas as pessoas à prova e neste momento a nossa família são os profissionais de saúde e todos os doentes”, relata a nazarena, acrescentando que “às vezes a cabeça quer agir mas o corpo já nem reage”. “Acabamos por ir buscar forças onde não imaginamos”, assevera a atleta, confessando que este é “o jogo mais difícil” da sua vida.

O REGIÃO DE CISTER desafiou os três jogadores e profissionais de saúde a escolherem um 5 inicial para este jogo e a resposta foi fácil: na baliza “lave muito bem as mãos”, “gelinho e etiqueta respiratória” na defesa e “distanciamento social” e “fique em casa” nas alas. Na frente, naquela que é a primeira linha defensiva, joga a “esperança de que tudo vai ficar bem”. E que assim seja para que os atletas possam voltar a vestir os equipamentos desportivos. 

Distância da família é o mais difícil de superar...

“Prefiro não estar com eles e dar-lhes carinho do que estar e não lhes conseguir dar o que eles precisam”, conta Tiago Batalha que é pai de uma bebé de 9 meses e de um menino de 3 anos. 

Neste momento, o nazareno ainda vive com a família, mas os momentos com os filhos são mais controlados devido ao medo de uma possível propagação do vírus. “Deixei de lhes fazer coisas tão simples como arrefecer a sopa”, nota o enfermeiro que já colocou a hipótese de sair de casa por algum tempo. “Estou a tentar evitar que isso aconteça pois não é fácil para a minha mulher suportar os dias sozinha, mas se tiver de ser…”.

Mas se o jogador de futebol de praia ainda tem contacto com a família, mais reservado é Marcelo Azevedo, que apenas vê os pais à varanda e que só tem contacto com a namorada (curiosamente também enfermeira) no Centro Hospitalar de Leiria. “O simples gesto de abraçar tornou-se muito mais importante e acabo por sentir a falta desses momentos”, lamenta o pataiense, garantindo que é “uma medida necessária”.

Já Soraia Carriço confessa que quase não vê a família. “O medo de uma possível infeção da família ou de ‘transportar’ o vírus para o hospital é enorme”, desabafa a nazarena, que faz da equipa hospitalar e dos pacientes a sua família durante este período. “São eles que nos dão força para superar toda esta situação”, completa.

Durante a pandemia, os profissionais de saúde têm abdicado de estar com os familiares com receio de que os possam infetar. O abraço fica, por isso, guardado para quando tudo isto passar.

 

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