Com o risco de despedimentos, diminuição de rendimentos familiares e de doações a entidades de solidariedade social, como é o caso do Banco Alimentar, crescem os pedidos de ajuda. Para tentar reduzir as carências provocadas pelo surto da Covid-19, os municípios têm criado medidas para garantir que nenhum cidadão enfrente situações de carência alimentar.
Com o risco de despedimentos, diminuição de rendimentos familiares e de doações a entidades de solidariedade social, como é o caso do Banco Alimentar, crescem os pedidos de ajuda. Para tentar reduzir as carências provocadas pelo surto da Covid-19, os municípios têm criado medidas para garantir que nenhum cidadão enfrente situações de carência alimentar.
A Câmara de Alcobaça disponibilizou-se para apoiar e reforçar o serviço de cantinas sociais para os munícipes mais necessitados poderem usufruir de refeições entregues pelas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). Para o presidente da Câmara, é muito importante que as Juntas e as IPSS se coordenem em sede de Comissão de Freguesia para criar um registo das dificuldades e necessidades específicas. Deste modo, a autarquia solicitou a todas as IPSS que disponibilizem refeições a todos os munícipes que, em comprovada situação de carência económica, solicitem apoio, garantindo que os encargos económicos resultantes destes apoios serão compensados posteriormente pela Câmara.
Em Alcobaça, a cantina social é gerida pela Santa Casa da Misericórdia local, no âmbito do Programa de Emergência Alimentar. Segundo a diretora técnica da instituição, desde o início da pandemia foi registado um aumento de solicitações e tudo faz antever que os pedidos de apoio continuem a aumentar. “Registamos mais uma dezena de casos em necessidade de apoio social e, após luz verde da Segurança Social, avançamos logo com o apoio”, explica Maria da Luz Caneiro Além da entrega de refeições prontas, também as solicitações de entrega de bens alimentares para cozinhar vão “certamente aumentar nos próximos meses”, prevê a responsável.
Também o pacote de medidas de apoio à comunidade durante a pandemia criado pelo Município de Porto de Mós inclui um apoio direto às famílias mais vulneráveis. O presidente do executivo municipal sublinha que o “objetivo é criar as proteções sociais necessárias para ultrapassar esta fase crítica que vivemos”. Assim, a disponibilização de refeições às famílias mais vulneráveis deve ser solicitado através do Gabinete da Ação Social e por intermédio 244 499 638, entre as 9 e as 17:30 horas.
Esta intervenção social do Município conta com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Porto de Mós, instituição que em 2012 celebrou um acordo de cooperação com o Centro Distrital de Segurança Social de Leiria para integrar o programa comunitário Cantina Social.
Além de ter adotado medidas semelhantes aos restantes concelhos da região, o Município da Nazaré tem sido insistente na necessidade de garantir um apoio do Governo no financiamento dos produtores que são importantes motores e apoios na distribuição de alimentos para os mercados e para as famílias carenciadas.
Apesar dos esforços das autarquias, a carência económica é uma situação que exige esforços coletivos e provenientes de diferentes frentes. Foi neste sentido que o Banco Alimentar Contra a Fome criou uma rede de emergência alimentar que vai permitir a “inscrição das necessidades numa plataforma informática, o encaminhamento para um ponto de entrega de alimentos próximo da residência da família (IPSS ou autarquia que faça a acreditação/referenciação), e que será mobilizadora de um corpo de voluntários. Mas numa época em que diminuiu o número de voluntários, muitos deles a cuidarem dos filhos ou de outros familiares, torna-se uma missão quase impossível gerir projetos de solidariedade social.
Este é um desafio bem real no centro de operações do Re-food Alcobaça. Carmelita Costa, coordenadora da iniciativa solidária no concelho, revela ao REGIÃO DE CISTER que o início da quarentena voluntária resultou numa quebra significativa de voluntários e foi necessário encontrar outras soluções. “A pandemia da Covid-19 veio limitar, quase na totalidade, a atuação da Re-food Alcobaça na comunidade, mas não podíamos baixar os braços. Com o encerramento dos restaurantes parceiros e o início da quarentena voluntária por parte da maioria dos nossos voluntários, tivemos de procurar alternativas”, sublinha a também professora. Consciente de que a solidariedade não pode parar, principalmente numa data em que as situações de carência, a todos os níveis, se podem agravar significativamente, a equipa do Re-food Alcobaça decidiu procurar outras alternativas.
“Neste momento, todos os beneficiários estão a ser acompanhados. Os casos mais preocupantes estão a receber refeições diárias com o apoio da Câmara de Alcobaça, e os restantes usufruem da entrega de um cabaz semanal de alimentos, resultado das recolhas que mantemos junto a três supermercados da cidade”, explica Carmelita Costa.
Além deste “serviço mínimo”, realizado por um pequeno núcleo de voluntários que ainda desempenha funções no núcleo de Alcobaça, o projeto procedeu à inscrição de todos os beneficiários na rede de apoio de emergência do Banco Alimentar e entrou em contacto com empresas locais do setor da alimentação no sentido de recolher apoios para ajudar os mais carenciados a enfrentar a pandemia. “Continuamos a aguardar resposta, sempre com pensamento positivo”, assegura a coordenadora.