Quando abriu portas, em 1983, o Café D’ Aldeia era um pequeno projeto do casal Vicente, que tinha regressado da Alemanha e ambicionava começar um novo capítulo da sua vida. Quase quatro décadas depois, o espaço comercial sediado em Cabeço de Carris, na freguesia de Évora de Alcobaça, é um local de convívio para toda a comunidade e há até quem percorra vários quilómetros para ali beber um “cafézinho”.
Quando abriu portas, em 1983, o Café D’ Aldeia era um pequeno projeto do casal Vicente, que tinha regressado da Alemanha e ambicionava começar um novo capítulo da sua vida. Quase quatro décadas depois, o espaço comercial sediado em Cabeço de Carris, na freguesia de Évora de Alcobaça, é um local de convívio para toda a comunidade e há até quem percorra vários quilómetros para ali beber um “cafézinho”.
Depois de uma década emigrados na Alemanha, Maria Gertrudes Vicente e o marido Mário Francisco decidiram dar um novo propósito ao “casebre” instalado no terreno que haviam adquirido. “Não tínhamos qualquer experiência no ramo, mas também não tínhamos emprego. Optámos por arriscar e transformar o edifício neste café”, explica a proprietária ao REGIÃO DE CISTER. Um ano depois, o Café D’ Aldeia abriu portas com pompa e circunstância e fez algo, até à data, inédito na freguesia: um concerto com um organista no espaço exterior. A festa reuniu uma “multidão” e durou até altas horas da madrugada. “É uma pena não ter uma fotografia, porque a situação foi digna de retrato. Certamente marcou a comunidade, pois, tanto anos depois continuam a recordar o momento com carinho”, graceja.
Foi a D. Maria que assumiu a “frente do negócio”, sendo responsável por abrir as portas sete dias por semana e atender os clientes. “Tenho o apoio do meu marido, mas sou eu quem está no café na maioria dos dias. Não é fácil, mas o convívio com o cliente deixa-me muito satisfeita e sou feliz atrás do balcão”, assegura.
Para a filha do casal, este é também um ambiente familiar. Mónica Vicente costuma dizer que “nasceu atrás do balcão” e é com carinho que recorda a infância e juventude vivida no café. “Conheço as pessoas desde pequena e é como se fossem família. O convívio leva a que partilhemos conquistas e tristezas e é impossível não tratar o cliente que aqui vem há quase 40 anos quase como família”, explica. Das muitas memórias que recorda, o cliente com doença oncológica que todos os dias fazia o trajeto entre a Benedita e Évora de Alcobaça para visitar o café é a que guarda com mais carinho. “Já estava muito debilitado, mas ainda assim não deixou de vir. Fez-nos visitas até não ser mais possível e isto demonstra o carinho e a amizade que existia”, conta com a voz embargada de emoção.
Para Maria Gertrudes Vicente por mais que o café ou o “bolinho” sejam apetitosos, o sorriso e os momentos de conversa são os fatores que fazem o cliente voltar. “A verdade é que cafés há em toda a esquina, mas a amizade não. Por vezes o cliente ainda está a entrar na porta e já estou a preparar o café ou o copinho de vinho… é o hábito”, confessa.
Apesar disto, D. Maria já começa a delinear planos para o merecido descanso. Mas este não será o fim do espaço, pois a filha não descarta a ideia de manter as portas abertas. “Este café reúne tantas memórias únicas que seria uma pena encerrar portas. Quem sabe o que o futuro reserva”, declara a “herdeira” do Café D’Aldeia.