Os mais velhos certamente recordar-se-ão do som do órgão de tubos do século XVIII da Igreja de Alqueidão da Serra que se encontra há mais de três décadas sem funcionar. O instrumento musical vai voltar a ouvir-se no final deste ano graças à mobilização da comunidade da freguesia.
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“Era um sonho antigo que vai finalmente ser concretizado”, sublinha o pároco de Alqueidão da Serra, em declarações ao REGIÃO DE CISTER. “O órgão está muito degradado, ou avançávamos com a recuperação ou iríamos perder este património único”, sublinha Vítor Jesus.
Para fazer face aos custos que rondam os 40 mil euros, a paróquia vai organizar eventos de angariação de fundos, que vão decorrer uma vez por mês, pelo menos até ao início do verão. “Vão ser essencialmente iniciativas com comes e bebes, que é a melhor forma de envolver a comunidade”, acrescenta o pároco de Alqueidão da Serra.
Estima-se que a intervenção tenha a duração de 10 meses, devendo estar concluída em dezembro – quem sabe a tempo da Missa do Galo. De forma a acompanhar todo o processo, foi criada no ano passado a Comissão para o Restauro do Órgão de Tubos de Alqueidão da Serra.
A recuperação do instrumento vai “abranger toda a estrutura de madeira e restauro da talha, os tubos, os foles e o teclado”, revela a entidade num comunicado, adiantando que o restauro estará a cargo do organeiro Dinarte Machado, responsável pela recuperação dos seis órgãos de tubos do Convento de Mafra e galardoado com vários prémios nacionais e internacionais pelo seu trabalho na área da organaria.
Referido pela mesma comissão, Dinarte Machado reconhece que se trata de “um instrumento muito importante para a organaria histórica portuguesa, cujas características se assemelham à forma de construir do mestre português António Xavier e Cerveira, mas também a aspetos relacionados com a escola italiana”.
Depois de devolvido à comunidade, a paróquia pretende incluir o instrumento nos ciclos culturais da região e apostar na formação. “Queremos que a população tire partido deste património”, destaca ainda o padre Vítor Jesus.
O órgão de tubos de Alqueidão da Serra é um órgão do tipo positivo e, segundo especialistas, é o mais antigo do concelho de Porto de Mós. Com 45 notas, um fole manual e um florão ornamental em talha dourada, apresenta características que o tornam uma peça “valiosa” e “única” do património histórico e cultural do Município.
Recentemente, a Comissão para o Restauro do Órgão de Tubos de Alqueidão da Serra lançou uma campanha junto de empresas e de particulares do concelho para a recuperação do instrumento. A intervenção vai contar também com a apoio da Câmara de Porto de Mós.