O cemitério de Mira de Aire está praticamente a atingir a sua capacidade máxima. Com espaço para apenas 30 covatos, a única solução é proceder ao alargamento o mais depressa possível.
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“É provável que o cemitério fique completo com os corpos das pessoas que venham a falecer este ano”, refere o presidente da Junta de Mira de Aire, em declarações ao REGIÃO DE CISTER. A situação tem de ser resolvida com urgência, mas a autarquia local ainda não sabe como, nem quando, vai ver resolvida. “Este ano vai ser impossível. Não há espaço para alargar e por isso vamos ter de adquirir terrenos e dar depois início às obras inerentes”, avança Alcides Oliveira. “Infelizmente, a Junta não tem capacidade financeira para fazer as duas coisas em simultâneo”, lamenta o autarca.
Por enquanto, a Junta está a estudar as possibilidades. Segundo Alcides Oliveira, estão em cima da mesa duas opções de alargamento: “aumentar o cemitério para o lado do Polje ou alargar para a lateral da vila”.
A segunda opção é a menos viável pelo simples facto dos terrenos “terem vários proprietários” e possuírem “uma largura muito pequena”.
O atual cemitério de Mira de Aire foi construído há cerca de 45 anos e veio substituir o que estava até então localizado junto à igreja matriz da vila. Há cerca de 15 anos foi realizada uma ampliação, mas o espaço ficou rapidamente ocupado e não foi por terem falecido assim tantas pessoas na freguesia. O presidente da Junta identifica as causas. A principal é a “má qualidade” da terra dos terrenos. “Uma parte, cerca de metade, apresenta maior dificuldade de decomposição porque a terra que lá se colocou não foi a mais adequada. E se os corpos não se decompõem, então têm de ali permanecer, não podendo serem levantadas as ossadas, passados cinco anos, e não sendo possível serem substituídos por outros”, explica.
Esse problema só poderia ser resolvido caso fosse realizada uma intervenção de grande dimensão, situação que para a Junta de Mira de Aire é “impraticável”.
Outro ponto desfavorável é que a maior parte dos terrenos das campas foram adquiridos, não podendo ser ocupados, mesmo estando vazios. O presidente da autarquia lamenta que em Mira de Aire a periodicidade de visitas aos restos mortais dos seus entes queridos seja cada vez menor, face à deslocalização da população para os centros urbanos. “Esta realidade pressupõe que as pessoas cada vez mais devam ter a noção de que é necessário procurar alternativas à deposição do corpo em terra”, frisa. “É preciso haver uma mudança de mentalidades. Demora o seu tempo, mas acredito que aos poucos a população vá entendendo a cremação como uma alternativa”, nota ainda o autarca.
Enquanto essa mudança de mentalidades não acontece, é necessário avançar com o alargamento do cemitério da vila de Mira de Aire o mais depressa possível. Caso contrário, não haverá lugar para acolher os mortos.