O Governo aprovou, na passada sexta-feira, a passagem de mais oito Unidades de Saúde Familiar (USF) para o modelo B, cujo processo de gestão permite que as equipas sejam remuneradas com incentivos associados ao seu desempenho. O objetivo é permitir que mais de 11 mil utentes em todo o País passem a contar com médico de família. Das oito novas USF anunciadas, uma é a Novos Horizontes que abrange os utentes das freguesias do Juncal, das Pedreiras e da Calvaria de Cima. No entanto, esta mudança não vai ter qualquer impacto no concelho de Porto de Mós.
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“Todos os utentes da USF Novos Horizontes já têm médico de família atribuído, sendo que esta alteração não vai ter efeito”, lamenta o diretor executivo do ACES Pinhal Litoral, em declarações ao REGIÃO DE CISTER. “A medida traz benefícios às USF que não conseguem dar resposta a todos os utentes, uma vez que este modelo B facilita a contratação e a fixação de médicos por oferecer condições de trabalho mais atrativas”, explica Marco Neves.
Mas, então, o que vai acontecer aos cerca de 8 mil utentes do concelho de Porto de Mós que estão sem médico de família há vários meses ou, em certos casos, há vários anos? Vão continuar sem médico de família porque esta mudança não se aplica à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Porto de Mós (UCSP), que serve as restantes sete freguesias do concelho em que as populações são as mais afetadas pela precariedade do setor.
“A UCSP de Porto de Mós terá de fazer um caminho semelhante ao que a USF Novos Horizontes fez, caminho esse que não será facilitado devido à grande instabilidade dos seus profissionais”, defende o diretor executivo do ACES Pinhal Litoral.
Com 16 mil utentes inscritos, apenas cerca de 8,5 mil utentes da UCSP de Porto de Mós tem atualmente médico de família, estando a restante população sem acesso a cuidados de saúde primários.
“Infelizmente, temos um concelho a duas velocidades”, constata o presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, que no ano passado anunciou o lançamento de um cartão de saúde, destinado a todos os munícipes, com descontos em consultas de especialidade, para tentar fazer face a esta desigualdade.
No distrito de Leiria, as notícias do Governo são boas para os utentes da Marinha Grande, concelho que “ganha” uma USF e, assim, permitir dar resposta a um maior número de utentes, através desta mudança para o modelo B. O mesmo também está previsto acontecer nos municípios de Borba, Lisboa, Cartaxo, Vila do Conde e de Matosinhos.