Com seis metros de altura em aço corten, a imponente estátua de homenagem à mulher nazarena, que está situada numa das principais entradas na vila da Nazaré, na Rotunda do Matadouro, vai ser inaugurada na sexta-feira da próxima semana, feriado municipal, e motivou discussão na reunião de Câmara da passada sexta-feira.
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“Nada a dizer quanto à obra e ao trabalho do artista”, começou por dizer o vereador da CDU em substituição, António Caria dos Santos, que se manifestou contra o local e a forma como o monumento foi instalado. O autarca comunista referia-se ao facto de a Mãe Nazarena não receber os visitantes de frente. “As mulheres nazarenas são bem conhecidas por dizer de frente o que têm de dizer”, sustentou Caria dos Santos, que pediu ainda dados relativos ao número de pessoas que contribuíram para a escolha da Rotunda do Matadouro, na sequência da consulta pública que a Câmara promoveu.
“Somos da opinião que o lema da Nazaré deve-se manter: Nunca virar as costas ao mar”, justificou o presidente da Câmara, que enalteceu os pormenores da peça escultórica, desde as rendas às sete saias, não esquecendo, entre muitos outros detalhes, os “brincos à rainha”.
Além da rotunda escolhida, que recebeu 226 votos, as restantes opções eram a rotunda do Sítio (211 votos), a rotunda da Variante (135 votos), a rotunda da Cerâmica (34 votos), o Jardim da Cerâmica (33 votos) e a Meia Laranja (28 votos).
A escultura, da autoria do artista Bugalho Ferros, de Alcobaça, será inaugurada a partir das 16 horas.
A obra pretende “perpetuar a memória de uma figura inigualável que é a mulher nazarena e o seu inconfundível traje típico com o seu chapéu-de-borla, os brincos à rainha, o lenço, o avental e as suas, mundialmente famosas, sete saias”, refere o autor, acrescentando que “a mulher nazarena tem mostrado ao longo dos tempos ser possuidora de acrescidas qualidades”.
O escultor descreve ainda a figura homenageada como “lutadora incansável, desde os tempos mais remotos em que a vida da população da Nazaré dependia unicamente da faina do mar, quando o peixe chegava a terra transportavam, à cabeça, e iam vender, muitas vezes, porta a porta, chegando a terras tão distantes como a Benedita”.
Depois da mulher nazarena, o mesmo artista está a trabalhar noutras duas obras de arte para as entradas de Famalicão da Nazaré, que receberá o brasão da freguesia, e de Valado dos Frades, onde será instalada uma enorme abóbora. A escolha das peças foi feita pelos executivos das Juntas no anterior mandato.