Quando chegava da escola, ia para a olaria ajudar o pai, Joaquim Santos, que foi pioneiro naquele que chegou a ser um dos principais setores de atividade da freguesia das Pedreiras. O mesmo acontecia em todas as férias escolares, ano após ano. O gosto pelo trabalho foi crescendo e quando teve de decidir sobre o percurso profissional não teve dúvidas de que iria seguir as pisadas do progenitor.
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Há cerca de uma década, Marco Santos gere, com a ajuda de três funcionários, a olaria da Tremoceira, que foi das poucas que resistiu à grande crise do setor. As mudanças do mercado e dos hábitos de consumo levaram-no a optar pela produção exclusiva de peças utilitárias, em vez de decorativas que, noutros tempos, chegaram a ser muito procurados. “A procura foi mudando com o passar dos anos e eu tive que me adaptar“, avança o empresário, em declarações ao REGIÃO DE CISTER.
O negócio tem vindo a crescer e está cada vez mais direcionado para o mercado externo, principalmente para países como a Alemanha, a França e o Canadá.
Com o pai, Marco Santos aprendeu a trabalhar o barro vermelho, a lidar com as exigências dos clientes, mas também a ser resiliente e perseverante para fazer face aos desafios que tem vivido, principalmente ao longo da última década.
“É um setor bastante exigente e por vezes instável. As peças que hoje saem bem, amanhã já podem sair defeituosas porque tudo depende da matéria-prima”, refere o oleiro. “O nosso produto é bastante frágil e requer muita mão de obra, o que o torna também dispendioso, levando, por vezes, as pessoas a optar por outro tipo de artigos”, acrescenta.
No entanto, as tendências dos últimos anos parecem ser animadoras, uma vez que a louça de barro e artesanato da região e do País têm vindo a ser valorizadas. O turismo é provavelmente o maior responsável por essa valorização e atrai cada vez mais visitantes portugueses e estrangeiros à olaria da Tremoceira, na freguesia das Pedreiras.
“As pessoas querem conhecer de perto o processo de produção e mexer com as próprias mãos no barro”, nota Marco Santos, que pondera organizar futuramente workshops para poder proporcionar uma experiência mais rica àqueles que visitam o espaço.
Os tempos vão mudando, mas a tradição da olaria na região continua a manter-se bem vida. Aos 43 anos, Marco Santos cumpre, assim, o legado do pai iniciado na década de 1980, período áureo do setor na freguesia das Pedreiras e do concelho de Porto de Mós.