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Cinco meses depois do pedido de demissão do secretário da Junta de São Martinho do Porto e após duas tentativas para substituir Ricardo Macedo, o executivo continua incompleto. Na última sessão extraordinária da assembleia de freguesia, realizada na quarta-feira da semana passada, terão sido apresentados, pela seguinte ordem, os nomes de José Pina (PS), Carlos Manuel, (Nós, Cidadãos) e Catarina Serra (PSD). Todavia, nenhum dos eleitos recolheu a maioria dos votos da assembleia de freguesia.
Questionado pelo REGIÃO DE CISTER, Nuno Vieira assegurou que a situação não confere “nenhuma irregularidade”, salientando que, após o pedido de demissão do então secretário, foi solicitado um parecer à Associação Nacional de Freguesias, que terá “validado” o executivo com um elemento a menos.
Um dos dois pontos agendados na ordem de trabalhos previa a eleição do elemento em falta, mas a ausência de um acordo entre os partidos com representação acabaria por manter… tudo igual. De acordo com informação recolhida pelo REGIÃO DE CISTER, foram colocados três nomes a votação. No entanto, através de voto secreto, os membros da assembleia da freguesia acabariam por chumbar as propostas colocadas à discussão pelo presidente da Junta.
O autarca, eleito pelo PSD, confirmou ainda que o impasse “não coloca em causa a execução do plano de atividades previsto para a freguesia”, justificando-se com o voto de qualidade, mecanismo que garante “não ter sido ainda sequer necessário”.
A assembleia de freguesia é constituída por nove elementos, dos quais três do PSD, três do PS e três do Nós, Cidadãos.
Em representação do PS, João Caçoila afirmou ao REGIÃO DE CISTER que “o erro foi logo no princípio”. “Em não nos termos reunido nas reuniões preparatórias antes das eleições. Ignoraram a bancada do PS”, justificou, considerando que Nuno Vieira é “presidente de Junta, mas não governa, pois não tem maioria e, por isso, tem de entrar em acordo”. O socialista notou que, aquando da primeira assembleia de freguesia destinada à substituição do secretário, “fizeram as coisas à maneira deles e a bancada do PS não gostou”, tendo chumbado a proposta.
“Agora houve uma reunião antes da assembleia, escolhemos um nome e esse nome foi rejeitado”, revelou ainda João Caçoila, falando da existência de “uma exigência por telefone e que as coisas já estavam garantidas”. “Ignoraram-nos”, lamentou.
Em vésperas de novas eleições autárquicas, e solicitado a abordar uma próxima sessão da assembleia para o efeito, o membro do PS admitiu que a “única forma seria governar a três”, com um “representante de cada um dos três partidos tanto no executivo, como na Assembleia”. “Para bem de São Martinho do Porto”, disse ainda.
Ao REGIÃO DE CISTER, Carlos Manuel sublinha que o Nós, Cidadãos está “sempre disponível para colaborar na solução”, todavia, reclama o facto de o partido pelo qual foi eleito nunca ter sido chamado para as reuniões prévias antes das propostas serem levadas à consideração da assembleia de freguesia. “Houve reuniões entre o PSD e o PS, sendo que o Nós, Cidadãos nunca participou em nenhuma”, afiançou.
E vai mais longe: “Foi, inclusive, proposto o meu nome sem que houvesse sequer uma reunião ou um acordo prévio para uma hipotética coligação com a nossa bancada. Não vamos apenas assinar papéis”, admitiu, deixando ainda críticas à gestão do executivo e reiterando a “disponibilidade” do Nós, Cidadãos para ser “parte da solução”.
Em fevereiro deste ano, Ricardo Macedo demitiu-se do cargo de secretário da Junta, justificando-se, em declarações ao REGIÃO DE CISTER, com motivos pessoais. A saída de cena do eleito do PS acabaria por deixar vago o lugar que, desde então, não mais foi ocupado. Posteriormente, foram efetuadas tentativas de entendimento entre os diversos quadrantes políticos, embora, sem lograr o sucesso esperado, arrastando-se o tema. E o impasse.
Entretanto, sobre a possibilidade de agendamento de uma nova sessão extraordinária para o efeito, o presidente da Junta admitiu que vai solicitar novo parecer técnico para determinar os passos seguintes. Até porque, dentro de pouco tempo, o mandato autárquico termina e o País volta a acorrer às urnas para novas eleições autárquicas.