Bruno Pola foi um dos jogadores em maior evidência na conquista do triplete alcançado pelo Sótão, tendo merecido a estreia na Seleção Nacional. Em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, o jovem de apenas 20 anos recorda uma temporada histórica e aponta a mira a novos desafios, a nível de clubes e também de seleções. Um título internacional é o sonho maior.
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REGIÃO DE CISTER (RC) > Três títulos nacionais pelo Sótão (Supertaça, Divisão de Elite e Taça de Portugal) e a estreia na Seleção Nacional. É uma época de sonho?
Bruno Pola (BP) > Sim. A conquista de todos os títulos a nível interno era um dos nossos objetivos, tínhamos noção de que era possível. A estreia na Seleção Nacional A foi a consequência e a recompensa de todo o trabalho realizado no clube. Representar a Seleção Nacional era e é um sonho para mim, e ainda se torna mais especial por ter sido no numa época em que, no clube do meu coração, conseguimos conquistar o chamado triplete.
RC > Aponta mais de 15 golos e disputa mais de 30 jogos. Já antecipava que esta poderia ser a temporada de afirmação?
BP > Esta foi a minha terceira época no plantel principal do Sótão. Em jeito de brincadeira, alguns dos meus colegas de equipa mais experientes perguntavam quando ia “aparecer” e essa questão fazia com que tivesse grandes reflexões pessoais. A fase inicial da época não começou bem até porque sou estudante universitário e apenas treinava uma vez por semana com a equipa. Sentia-me com falta de ritmo comparando aos meus colegas. Com o decorrer dos jogos, fui recuperando o nível físico e ganhando confiança, e, aí sim, quando estava em boa forma, senti que poderia ser mais um para ajudar.
RC > Como explica o momento de grande forma a que se apresentou depois?
BP > Foi muito derivado à confiança que o mister Edi Milhazes, a equipa técnica e os meus colegas de equipa, depositaram em mim. Temos um grande capitão, Duarte Vivo, que me dá muito na cabeça e exige a melhor versão de cada um dos jogadores da nossa equipa. Além disso, o facto de ter alguns dos melhores jogadores da modalidade na nossa equipa faz com que a aprendizagem seja recorrente. Aprendi e continuo a aprender muito com os meus amigos do Sótão!
RC > Na fase final do campeonato, acaba por ser decisivo. Aponta um hat-trick nas meias-finais e anota o tento da igualdade (2-2) na final. Foi um título especial por ter sido o primeiro do clube na Divisão de Elite?
BP > Sim, foi um título muito especial, não só por ter sido o primeiro do Sótão na Divisão de Elite, mas também pelo grupo incrível que temos e por todas as dificuldades que tivémos durante a época. Foi fantástico ser campeão nacional de uma modalidade e num clube que tanto me apaixona, em frente aos nossos adeptos, na nossa areia, na nossa praia.
RC > Já depois da Supertaça, e também da Divisão de Elite, o Sótão fecha com chave de ouro ao garantir a conquista da Taça de Portugal e, consequentemente, um inédito triplete. Qual foi o segredo? A título coletivo, mas também individual.
BP > Depois da conquista do campeonato de elite, só faltava a cereja no topo do bolo. Poderíamos conquistar o triplete. Não íamos ficar por ali. O segredo foi a nossa união, a nossa vontade de vencer. Bastava sermos aquilo que tão bem sabemos ser… ser Sótão! Individualmente, estava a passar uma boa fase e só tinha de dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito. Sou feliz a jogar futebol de praia e aquela seria a última oportunidade da época para conquistar um título. A vontade de ganhar era enorme.
RC > Em que momento sentiu que o Sótão poderia conquistar todos os troféus internos?
BP > Foi uma época muito complicada. Este foi o campeonato mais equilibrado de sempre. Nós íamos jogar e, dependendo dos resultados dos adversários, poderíamos estar a lutar pela manutenção… ou pelo apuramento para a fase final.
O “chip” mudou no jogo contra o Ericeirense, na Ericeira. Tínhamos obrigatoriamente de ganhar para não cairmos nos últimos lugares da tabela e corrermos o risco de descer de divisão. Conseguimos a vitória no prolongamento e, a partir dessa jornada, senti que iríamos reverter toda a situação e que seria possível sonhar com o título.
RC > Sentiu a responsabilidade de colmatar as ausências de Jordan Santos e Rúben Brilhante, jogadores cruciais para o que era perspetivado para a temporada?
BP > Tivemos as ausências inesperadas de dois jogadores muito importantes para a nossa equipa – e dos melhores do mundo na modalidade – por lesão. Senti a responsabilidade de dar o meu melhor. Poderia ser o momento que esperava e tinha de estar preparado. O Rúben e o Jordan sempre me ajudaram muito e, mesmo depois das lesões, continuaram a dar-me conselhos e a passar confiança. Além de grandes jogadores, são excelentes seres humanos.
RC > A Euro Winners foi uma pedra no sapato. O que falhou?
BP > Sim, a Euro Winners foi o ponto negativo desta época, tanto a nível coletivo como individual. É uma prova muito exigente, física e psicologicamente, na qual jogam os melhores do mundo. A maior parte dos jogos é muito equilibrada e tanto pode ganhar uma equipa como a outra.
RC > Os desempenhos muito positivos valeram-lhe a estreia na Seleção Nacional. Onde estava quando soube da convocatória?
BP > Estava em casa da minha avó, a meio da tarde, a fazer a sesta, quando recebi uma chamada do meu colega de equipa e capitão da Seleção Nacional, Rui Coimbra. Disse-me que já tinha sido publicada a convocatória e que eu ia para o Japão. Ainda ensonado, nem estava bem a acreditar. Quando li a convocatória, não conseguia tirar o sorriso da cara e liguei imediatamente ao meu pai e à minha mãe.
Foi um momento muito feliz, foi o realizar de um sonho… de mais um nesta época.
RC > Chegar à seleção principal é o cumprir de um sonho?
BP > Chegar à Seleção principal e representar o país é o ponto mais alto da carreira de qualquer atleta. Antes de entrar em campo, marcou-me muito uma frase que o Diogo Dias, colega de equipa do Sótão e guarda-redes da Seleção, me disse enquanto me abraçava: “Estou muito feliz que estejas aqui connosco. Aproveita.” Foi nesse momento que caí em mim. Estava no Japão, com o símbolo das Quinas ao peito, a representar o meu país e a fazer o que mais gosto de fazer na vida… jogar futebol de praia.
RC > Com 20 anos, já sabe o que é conquistar todos os títulos a nível interno e o “peso” de representar a Seleção Nacional. Que objetivos tem para o futuro?
BP > O futuro passa por dar continuidade ao que foi feito. Quero ganhar títulos não só nacionais, mas também internacionais pelo Sótão. Posso prometer que vou treinar muito e preparar-me bem para chegar ao maior patamar possível. Seria um sonho ganhar um título internacional pelo clube do meu coração e também pela Seleção Nacional.


