A Rua Araújo Guimarães, em Alcobaça, vai ficar mais pobre. A partir do dia 1 de setembro, A Catraia, ou se preferir, a loja da D. Ângela, não voltará a abrir as portas.
Quem passa por aquela rua não passa despercebido ao letreiro onde se lê “Final de atividade”. Ângela Pedrosa tem 82 anos e há 39 que se mantém ali, umas vezes atrás, outras à frente, do balcão da loja de roupa de bebé e de criança.
“A Catraia foi o nome que escolhi porque a minha filha tinha 7 anos e porque os artigos da loja eram identificativos com o conceito“, conta a alcobacense de gema, que depois de ter voltado de África decidiu abrir uma casa de comércio tradicional na rua que a viu nascer, crescer e, mais tarde, trabalhar. “Antes de abrir a minha loja, trabalhei durante 13 anos numa mercearia que vendia tecido a metro aqui na mesma rua, porque antes não havia confeção”, recorda. “Antes era tudo muito diferente”, garante uma das comerciantes mais antigas de Alcobaça, recordando os tempos em que “eram precisas quatro pessoas a trabalhar na loja para dar despacho aos clientes”.
Hoje em dia “o cliente vê, mexe, veste e, com alguma sorte, compra“, nota a responsável pela loja de roupa, que vestiu dezenas, “senão centenas” de meninos e meninas nos seus batizados. “Não sei dizer quantos vestidos vendi, mas sei dizer que as minhas montras foram sempre diferentes das outras”, adianta Ângela Pedrosa, que optou por fechar as portas para disfrutar melhor do seu tempo e da companhia do marido.
Mas como será a partir do próximo mês? “Vai ser um problema. Deixo aqui muitas lágrimas”, responde a comerciante, confessando que quando der de caras com as portas da Catraia fechadas é capaz “de passar na rua a correr”.
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