A reação é sempre a mesma: “a bolota é para porcos”. Duarte Machado e José Mendes, de 15 anos, querem contrariar a ideia e voltar a trazer o fruto para a alimentação humana através da produção de farinha de bolota, maximizando um recurso de grande valor nutricional, biológico e saudável que existe em quantidade na região.
A reação é sempre a mesma: “a bolota é para porcos”. Duarte Machado e José Mendes, de 15 anos, querem contrariar a ideia e voltar a trazer o fruto para a alimentação humana através da produção de farinha de bolota, maximizando um recurso de grande valor nutricional, biológico e saudável que existe em quantidade na região.
Os alunos da Frei Estêvão Martins, que venceram este ano o 1.º lugar no Concurso de Empreendedorismo nas Escolas, promovido pela Comunidade Intermunicipal do Oeste, na categoria de 3.º ciclo, com o projeto “Quercubaça”, projetam mesmo avançar com a criação de uma empresa que combata o desperdício e privilegie o poder da bolota. “Segundo um estudo da Universidade Católica do Porto cerca de 55% das bolotas em Portugal está a ser desperdiçada, um desperdício que pode corresponder a cerca de 13,3 milhões de euros”, adiantam os jovens, que por estes dias apresentaram a sua ideia de negócio aos visitantes da Feira de São Bernardo, no âmbito da exposição “Turismo de experiência em Alcobaça”.
Numa primeira fase, Duarte Machado e José Mendes ambicionam comercializar a farinha de bolota e posteriormente desenvolver produtos associados ao fruto, nomeadamente óleo corporal, sabonete, cevada e licor. “A bolota está muito desvalorizada, mas tem um potencial muito grande, quer seja em termos económicos, na vertente da saúde com as suas propriedades nutricionais, ou na parte ambiental, uma vez que a apanha da bolota contribuiu para a preservação dos carvalhais da região e para a sua reflorestação com espécies do género Quercus (carvalhos, sobreiros, azinheiras)”, reforça Duarte Machado.
A ideia é produzir a farinha de bolota em moinhos de vento e água do concelho, sediar a empresa em Alcobaça e depois mostrar ao País que a bolota tem futuro, quer através da farinha como dos produtos alimentícios (pão de bolota, bolas de berlim, bolachas, bolos, entre outros).
Até à data, os amigos produziram cerca de quatro quilos de farinha de bolota, que já deu para mais de seis centenas de bolachas de… bolota. “Aproveitámos o convite da Câmara de Alcobaça para mudar mentalidades e mostrar a potencialidade deste fruto, dando a conhecer o projeto e a provar as nossas bolachas aos visitantes”, argumenta José Mendes.
A reação do público “foi ótima”, falta agora convencer investidores e parceiros para que a Quercubaça ganhe forma e comercialize a farinha de bolota, bem como os produtos associados. “Este é o nosso pequeno sonho”, revelam os jovens empreendedores, que seguem para o 10.º ano na Escola Secundária D. Inês de Castro, com a ambição de seguir Medicina e de mostrar que a bolota tem futuro.