O gerente das lojas Intermarché em Pataias, Alcobaça e Caldas da Rainha explica que a proximidade com o cliente é o fator decisivo para o sucesso do grupo na região. E revela os investimentos que estão planeados e que visam reforçar a exploração nas três lojas.
O gerente das lojas Intermarché em Pataias, Alcobaça e Caldas da Rainha explica que a proximidade com o cliente é o fator decisivo para o sucesso do grupo na região. E revela os investimentos que estão planeados e que visam reforçar a exploração nas três lojas.
REGIÃO DE CISTER (RC) > Encontrou lojas em Pataias e Alcobaça que atravessavam, e isso é público, algumas dificuldades. Como conseguiu dar a volta ao texto?
DANIEL MARTA (DM) > Cheguei a Pataias, com a minha esposa, Neuza Arnaldo, há onze anos. Estudámos engenharia alimentar e segui carreira na enologia, enquanto ela foi trabalhar para o grupo Os Mosqueteiros, dando formação por todo o país. Foi através desse contacto que nos apercebemos como funcionava o modelo de negócio do grupo, que privilegia quem tem um espírito empreendedor. Fizemos nove meses de formação e aguardámos pela indicação de uma loja que estivesse disponível. Quando me indicaram Pataias, confesso que fiquei algo receoso. Sabia o estado em que a loja se encontrava, pois era a loja do grupo, das 230, que menos faturava a nível nacional. Perante o cenário, entendemos que o risco estava bem calculado e que a loja tinha potencial. Metemos as mãos à obra e passado um ano começaram a surgir os resultados. A comunidade regressou e fomos alicerçando o nosso modelo de negócio. Temos uma política de investir todos os anos e ainda antes do próximo verão vamos realizar obras de ampliação à loja de Pataias. Será uma aposta a rondar o meio milhão de euros, mas Pataias será sempre a menina dos nossos olhos. Foi ali que tudo começou.
RC > Em Alcobaça também não encontrou um cenário favorável…
DM > Costumo dizer, meio a brincar, que a mim só me calha roer os ossos. Nunca me calha um bife (risos). Há quatro anos decidimos ficar com a loja de Alcobaça, que tinha chegado a um ponto que nunca deveria ter sido admissível, e a verdade é que a loja se tinha deixado ultrapassar pela concorrência. Correr atrás do prejuízo é muito mais complicado. Além do investimento pesado que tivemos na aquisição da loja, foi necessário fazer investimento de monta também em melhoramentos do edifício.
RC > E como não há duas sem três, seguiu-se Caldas da Rainha. Como surgiu o negócio?
DM > Fui rotulado de maluco quando decidi investir em Pataias, de pouco esperto quando cheguei a Alcobaça e, provavelmente, agora dirão que vou mesmo para o manicómio… Caldas é um mercado super difícil, há negócio, mas é um verdadeiro covil de lobos. A concorrência é muito feroz. O grupo tinha uma loja que fechou há seis anos devido a um diferendo com os proprietários e decidiu-se, na administração do grupo Os Mosqueteiros, que integro, que deveríamos reabrir nas Caldas. Foi um novo desafio, pois criámos uma loja de raiz. Desde a construção do edifício. Devido ao historial das nossas empresas tivemos alguma facilidade em conseguir financiamento e assim decidimos avançar com um investimento de 1,2 milhões de euros. Abrimos as portas a 15 de novembro do ano passado e não está a ser fácil, mas dia a dia estamos a crescer. É a primeira loja do grupo com o modelo 2021 e a nível de objetivos de faturação está um pouco aquém, mas entre as três lojas conseguimos que o projeto mantenha o rumo.
RC > Alcobaça tem uma oferta adequada ao nível dos supermercados?
DM > Comparo o mercado da distribuição com o das redes móveis e bancos: é para ver quem perde mais para ganhar quota de mercado. Em Alcobaça há um excesso de oferta para o tamanho da cidade. Temos de tentar vender muito, porque as margens são muito pequenas e estamos a falar de migalhas. O grande desafio deste setor, porém, tem a ver com a falta de mão de obra. Já nem falo de mão de obra qualificada. Estamos a sentir grande dificuldade no recrutamento, porque neste setor existe uma grande amplitude de horários que é necessário preencher. Os candidatos que recebemos acabam por valorizar mais a questão dos horários do que até os salários. Além disso, trabalhar com o público não é fácil. Quando chegamos a este ponto é difícil manter os colaboradores motivados. Em suma, é difícil recrutar funcionários, manter esses funcionários e também motivá-los.
RC > E como consegue fazê-lo?
DM > Tentamos de várias formas. Posso dizer que cerca de metade dos meus trabalhadores estão comigo desde o início e são autênticos pilares. Sei que posso sempre contar com eles em todas as circunstâncias, mas, infelizmente, temos registado uma enorme rotatividade no quadro de funcionários. Isso traz-nos problemas internos e, depois, na relação com os clientes. Com as três lojas temos quase centena e meia de funcionários e, reconheço, a gestão do pessoal é o mais complicado. O resto faz-se com relativa facilidade. O absentismo é um problema grave e quando tenho um dia em que nenhum funcionário falta já fico muito satisfeito.