Foi em bom português que Espanhol regressou à (sua) aldeia. Em silêncio, mas não literalmente… Calado. Francisco voltou a vestir a camisola da Burinhosa, mais de um ano depois de ter deixado o clube, e prepara-se para atingir a marca dos 300 jogos.
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“Só a Burinhosa me faria voltar”, disparou, de imediato, em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, sublinhando que a decisão de regressar foi “bastante ponderada” e que só foi possível “graças ao apoio da família”. “Estava inativo há mais de um ano e, por isso, a decisão obrigou a repensar toda a vida profissional e familiar”, admitiu Espanhol, asseverando, todavia, que a família se mostrou sempre “a favor” da decisão de voltar a calçar as sapatilhas.
O que Francisco Calado não sabia é que este sábado (18 horas), quando a Burinhosa receber o UPVN, na 4.ª jornada da fase de subida à elite, chegará ao tricentenário pelo emblema. “É um marco único, a Burinhosa é o clube da minha vida e, desportivamente falando, foi onde alcancei as maiores conquistas da minha carreira”, evidenciou o fixo, de 31 anos, que contribuiu, dentro de campo, para a “escalada” da 3.ª Divisão Nacional à elite, na qual ajudou o clube a manter-se durante sete épocas ininterruptamente.
Dos 299 jogos realizados, há três que destaca, sendo que um deles considera ter sido “quase como um título”. A 30 de abril de 2016, a Burinhosa foi vencer ao reduto do Sp. Braga (4-2), e garantiu o inédito 3.º lugar na fase regular da 1.ª Divisão, o que, segundo o leiriense, foi como se de “um título se tratasse, já que só o Sporting e Benfica ficaram à frente, e estes dois clubes são de outro campeonato”, notou.
Nessa partida, uma reta final emocionante – com três golos em dois minutos (um deles de Espanhol) – permitiu à Burinhosa inverter um resultado desfavorável (1-2) e alcançar uma classificação histórica, ultrapassando precisamente os minhotos na tabela.
Os outros dois jogos que o marcaram foram o que ditou a subida à elite (goleada no reduto dos açorianos do Rabo de Peixe, 5-1, a 24 de maio de 2014) e a única participação do clube na final da Taça de Portugal (disputada a 14 de maio de 2017, em que os burinhosenses só caíram aos pés do Benfica, 1-5). “Foram momentos únicos e que jamais esquecerei”, relembrou, emocionado, falando de um clube que, durante esse período, era uma “verdadeira família” e que tinha uma “mística incrível”.
E esses, mais do que as subidas de divisão, são os motivos pelos quais agora regressa. “Quero ajudar a Burinhosa a voltar a ser o clube por que me apaixonei quando aqui cheguei, ainda um menino”, atirou, convicto, uma das maiores lendas (e bem viva!) da aldeia do futsal. “Essa é a minha, e a nossa, missão”, completou. E quando o capitão fala…
Treinador é a maior referência e foi um verdadeiro companheiro de conquistas ao serviço da Burinhosa
Tiago Moreira, antigo companheiro de conquistas de Espanhol, é o “homem do leme” para tentar reerguer uma equipa da Burinhosa que diz “adormecida”. E para o fixo, a opção não podia ser melhor. “Além de ser um amigo e um antigo colega (partilharam balneário entre os anos de 2012 e 2016), é a minha maior referência na modalidade de futsal”, confidenciou Espanhol, recordando que foi do agora treinador que recebeu a braçadeira de capitão.
Mas a admiração não se fica por aqui. “É o único jogador de quem tenho uma camisola em casa”, confidenciou Francisco Calado, sublinhando que espera, ao lado do amigo e das gentes da “sua” aldeia, voltar a ser feliz com a camisola da Bury.