Detentor de vários recordes mundiais, já atuou em palcos de rua maiores, mas o do próximo dia 26, na antiga escola primária dos Pisões, será especial, não apenas porque António Santos assinala “35+1” anos de percurso como homem-estátua, mas também porque é a sua aldeia natal..
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“Estes 36 anos e milhares de horas em quietude, algumas das quais em situação limite” – e que lhe valeram recordes mundiais – “cada vez me fizeram prestar mais atenção ao valor da quietude. Sem ponto morto não existe mudança”, sublinha o artista, em declarações ao REGIÃO DE CISTER.
Não tem uma personagem em particular que prefira porque a maior parte dos momentos que passou como estátua viva estão bem presentes na sua memória, “uns pela sua importância no meu reconhecimento mundial, outros por pequenos momentos únicos de partilha numa qualquer performance”. Há, no entanto, e com naturalidade, um episódio que o marcou especialmente. “Foi aquela vez que a minha querida mãe foi ver o seu filho pela primeira vez como estátua viva e ainda por cima fiz a figura de ‘’um executivo enforcado’’ no clube dos Pisões. Foi muito emocionante e o abraço que ela me deu no fim, além de todo o amor que tinha, vinha também cheio de carinho”, lembra António Santos.
O artista vive há várias décadas no concelho de Mafra, mas mantém ligação a Pataias, onde confessa que sempre se sentiu acarinhado pela população e o poder local. “O meu segundo prémio a seguir ao Guinness foi-me atribuído pela Junta de Freguesia de Pataias, logo no início dos anos 90, na forma de uma bela taça em cristal com um belíssimo texto de reconhecimento”, recorda.
Já está tudo praticamente pronto para a festa dos 36, ou dos 35+1 como António Santos prefere, já que a celebração esteve prevista para o ano passado. “Todos os convidados podem esperar alegria, shows surpresa vários e uma grande surpresa mais para o final, isto além de comida e bebida, alguma elaborada por mim”, convida o performer da imobilidade.
António Santos reconhece que não é fácil ser artista em Portugal. “Como artista de rua, as dificuldades continuam a ser grandes, mas são elas que me mantêm acordado e sempre na luta”, confessa, lembrando que a Direção Geral de Artes “tem apoios para artes de rua mas a profissão artista de rua não é reconhecida”, o que o leva a concluir que “os apoios são dados a outros artistas para fazerem arte na rua”.
Depois de recordes no Guiness, inúmeros prémios e um currículo longo e ímpar, o recordista já pensa no futuro. Além da anunciada surpresa que dará a conhecer na festa de celebração da carreira, está a constituir, com o grupo a que pertence, os Living Statues Masters, as estátuas de D. Sebastião e de dois nobres da corte, uma “encomenda” da Câmara de Lagos, para o Festival das Descobertas, no ano em que se celebram 450 anos de elevação de Lagos a cidade. Seguem-se outros três personagens típicos da serra, a convite da Câmara de Monchique, e, em junho, começa a temporada de festivais internacionais, com arranque na Polónia. “A quietude sempre em movimento”, brinca o artista de rua.