A União Recreativa (UR) Mirense iniciou, no passado mês de julho, a substituição do histórico relvado natural do Estádio Manuel Donato por um piso de relva sintética. A Direção do clube estima que o novo campo esteja ao serviço das equipas do emblema a partir do final deste mês.
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“O relvado já estava algo deteriorado e não proporcionava uma prática desportiva de qualidade”, começa por explicar o presidente do clube. Manuel Santos, conhecido no mundo do futebol por “Balela”, esclarece que a mudança de piso tem como principal objetivo garantir o futuro desportivo do clube, abrindo espaço para os mais novos. “Queremos que os jovens de Mira de Aire possam jogar no clube da terra. Com a colocação de um campo sintético conseguimos ter equipas de formação a treinar ao longo de toda a semana no Estádio Manuel Donato, cenário que não era possível com relva natural, pois o desgaste do piso causado pelo grande volume de treinos não o permitia”, acrescenta.
A dificuldade em atrair atletas que a Direção do UR Mirense tem sentido para a modalidade rainha do clube deve-se, segundo Manuel Santos, à localização geográfica, no limite do distrito e do concelho, que “não é convidativa para trazer miúdos de Leiria, de Torres Novas e de outras localidades dos arredores”, argumenta o dirigente. A valorização dos jovens de Mira de Aire ganha muita força com a nova política do clube, mas a ideia já é antiga. “Há cerca de quatro anos reunimos com alguns membros do executivo do Município de Porto de Mós, colocámos a proposta em cima da mesa e tivemos total apoio desde o início”, conta Manuel Santos, admitindo que a espera pelas verbas financeiras e alguns episódios negativos como o falecimento do antigo presidente do clube, António Lima, arrastaram todo o processo.
O investimento total da substituição do piso e o arranjo de algumas estruturas inerentes que se encontram degradadas como o sistema de rega e o lancil em redor, custará entre 250 e 300 mil euros. Uma grande parte da verba será comparticipada pela Câmara de Porto de Mós, que apoiará em 150 mil euros. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) atribuiu ao UR Mirense uma verba de 52 mil euros destinada exclusivamente para a substituição do piso. Este apoio da FPF surgiu após o organismo ter criado um fundo de apoio a clubes e associações distritais, tendo sido aprovada a candidatura deste emblema.
Apesar dos esforços para implementar o piso de relva sintética, a remoção da relva natural coloca muitas reticências na população. “O relvado remonta a 1989 quando o estádio foi inaugurado e para muita gente de Mira de Aire era considerado um símbolo da terra. Foi nele que o UR Mirense viveu alguns dos melhores períodos desportivos da sua história”, justifica Manuel Santos.
Num futuro próximo, o presidente do UR Mirense admite que o crescimento do número de atletas no clube poderá exigir mais investimentos. “Iremos precisar de requalificar balneários e de ter mais meios de transporte para dar resposta ao maior número de atletas”, finaliza Manuel Santos, lembrando que são também precisos mais recursos humanos.