A dieta à base de fruta, o crescimento livre e sustentável do animal e a produção com uma pegada ecológica mais baixa são os três grandes alicerces do Porco Saloio, um projeto criado em 2019 pelo beneditense, João José, que tem como objetivo promover a criação do Malhado de Alcobaça, tendo em vista a preservação e a valorização da raça autóctone de Alcobaça.
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Nos quatro anos de existência, o crescimento do projeto tem sido gradual. “Iniciei apenas com quatro fêmeas reprodutoras. Cerca de um ano depois, passei a ter dez e, agora, após a aquisição do último efetivo, tenho 34”, conta o precursor do projeto. João José conta que, numa fase inicial, o projeto decorreu em paralelo com o trabalho de assistente técnico comercial para uma multinacional de alimentos compostos para animais, situação que mudou em 2022. “O crescimento do Porco Saloio foi-me dando, por um lado, mais retorno financeiro e, por outro, mais trabalho, o que me fez apostar no projeto a 100%”, explica o engenheiro zootécnico ao REGIÃO DE CISTER.
O aumento de fêmeas reprodutoras permitiu a multiplicação do número total de animais, que ronda, atualmente, as 150 cabeças. Este crescimento permitiu também aumentar de 4 para 6 o número de carcaças vendidas semanalmente para os dois únicos pontos de venda parceiros, à data – o Talho das Manas e o talho Nelcarnes. João José ambiciona aumentar a venda semanal para as dez carcaças, quando a aquisição do último efetivo reprodutor tiver o impacto planeado no ritmo de produção.
A valorização do Malhado de Alcobaça contribui, naturalmente, para a preservação da raça. Para o engenheiro zootécnico, que nutre uma paixão especial pela criação de suínos, o Porco Saloio só faz sentido por desenvolver uma raça característica da localidade através de um modo de produção assente em técnicas tradicionais, contrastando com a metodologia da produção industrial. “As fêmeas parem as crias em camas de palha. Os leitões levam apenas as vacinas necessárias, não sendo cortados dentes, nem rabos. O desmame também é ligeiramente mais tardio”, explica João José. “Os porcos são criados ao ar livre até ao fim do processo de engorda, o que contribui para um desenvolvimento natural do animal. Também o processo de reprodução é natural, pois os varrascos convivem livremente com as fêmeas”, finaliza o beneditense.
A alimentação é um ponto chave neste modo de produção. As mães comem ração pois é essencial “para lhes dar os nutrientes necessários para uma boa amamentação”. As crias destinadas ao consumidor final também comem ração até aos três meses de idade, sendo paulatinamente introduzida a fruta na nutrição até ao fim do processo de engorda.
Na mesa, o preço sobe, mas “a qualidade da carne justifica pelo sabor e suculência conferido pela gordura intramuscular característica”. João José aponta ainda “o modo de produção e a dieta” como os grandes responsáveis pelo sucesso do Porco Saloio no prato.