A mais de um ano de terminar o primeiro mandato, os presidentes da Direção e do Conselho Fiscal da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Benedita demitiram-se, no passado dia 17, dos respetivos cargos.
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O pedido de renúncia de José Marques e Fernando Rosa, respetivamente, foi formalizado junto do presidente da Mesa da Assembleia Geral (José Ramalho) – único órgão que se manteve em funções plenas -, sendo que ambos vão, no próximo mês, voltar a encabeçar as listas daqueles órgãos sociais aquando da realização das novas eleições.
Instado a pronunciar-se sobre as razões que o levaram a demitir-se do cargo, o presidente da Direção da associação humanitária falou, por mais do que uma vez, de “contrapoder”. “A minha renúncia deve-se ao facto de, a partir de determinada fase, elementos da Direção a que eu presidia terem começado a fazer contrapoder”, começou por dizer José Marques. “Por razões várias, nomeadamente desde a substituição do comandante. A partir daí começaram a surgir os problemas principais. Eles propunham outro substituto e eu tinha uma ideia diferente. O novo comandante veio apresentar-se numa reunião, estava tudo tratado, mas depois disso começaram os problemas”, acrescenta.
Mesmo sem falar em nomes, até porque, assumiu, não tem “provas concretas”, apenas sabe “de boca”, o (agora) presidente cessante deu um exemplo de um caso recente que reforçou o distanciamento no seio da Direção. “Tal como aconteceu, por exemplo, na reparação de um carro da corporação, cujo orçamento de 546 euros eu tinha aceitado e depois apareceu uma fatura para pagar superior a 5 mil euros”, contou. “A Associação e eu temos o direito de decidir o que queremos fazer com o nosso dinheiro. Houve gente do corpo de bombeiros que passou a dar outras ordens. Propus uma abertura de um processo de inquérito e houve elementos da Direção que não aceitaram”, justificou.
Já o presidente cessante do Conselho Fiscal, instado a justificar a sua decisão, apontou para uma questão de solidariedade. “Estou totalmente solidário com o presidente [José Marques], que tem feito um trabalho altamente meritório ao longo de todo este tempo, como, de resto, também se nota nas contas da instituição, que estão de boa saúde”, assinalou Fernando Rosa. “Fui-me apercebendo de algumas contradições de determinados elementos da Direção e o que tenho a dizer é que o presidente é uma pessoa de bem e que não merecia este tratamento. Há muita gente que anda aqui que não gosta de exigência”, assinalou aquele que foi também um dos sócios fundadores da associação.
Entretanto, a Assembleia-Geral já convocou uma reunião extraordinária para apresentação e votação de listas candidatas aos órgãos sociais para o triénio 2023-2026 para o próximo dia 24 de novembro. José Marques (com uma lista nova) vai recandidatar-se à presidência da Associação Humanitária dos Bombeiros da Benedita.
Estes pedidos de renúncia, recorde-se, aconteceram poucas semanas depois do anúncio do pedido de demissão do antigo comandante da corporação, António Paulo, que será substituído por Carlos Pacheco.