A Unidade de Saúde Familiar (USF) Pinhal do Rei, em Pataias, tem 100% dos utentes com médico de família e já integra, nos seus ficheiros, utentes de outros pontos do distrito e do País, num total de 28 municípios.
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Este é quase um caso de estudo no panorama distrital, onde, em 2022, quase 78 mil pessoas não tinham médico de família.
A procura pela unidade de Pataias é imensa. Num universo de 8.641 utentes, tem, por exemplo, 395 provenientes do concelho da Marinha Grande, 203 da Nazaré e 189 de Leiria, mas a origem dos utentes é bastante mais diversificada. Para além do concelho de Alcobaça, há utentes de 27 municípios do País, incluindo destinos tão longínquos como Seixal, Azambuja ou Mondim de Basto, ou até mais próximos, como Peniche, Óbidos ou Pombal. Os utentes de fora representam 10,7% do total da USF Pinhal do Rei.
Das restantes freguesias do concelho de Alcobaça são oriundos 232 utentes, com destaque para a União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria (99), São Martinho do Porto (65) e Maiorga (39). Contas feitas, há utentes das 13 freguesias do concelho de Alcobaça.
O médico coordenador da USF Pinhal do Rei, Carlos Mendonça, reconhece o êxito dos cuidados primários de saúde em Pataias. “Temos muito boa capacidade”, constata o clínico.
Por detrás da boa prestação daquela unidade de saúde, que serve uma população de quase 9 mil habitantes – entre a União de Freguesias de Pataias e Martingança e das antigas freguesias de Alpedriz e Montes – está “um conjunto de fatores positivos”. O alargamento da equipa, que passou de quatro para cinco médicos e igual número de enfermeiros, foi um dos pontos fundamentais para a boa capacidade de resposta da unidade, que é USF modelo B desde 2018. Mas o caminho foi longo. “É fruto de uma luta que demorou anos”, relata o clínico.
A equipa, que inclui ainda quatro assistentes administrativos, é praticamente a mesma há vários anos, o que, nas palavras de Carlos Mendonça, é um fator de estabilidade que também contribui para os bons resultados. “Temos a sorte de as pessoas se darem bem e terem uma grande capacidade para trabalhar em conjunto”, descreve o médico, que completa em fevereiro 30 anos de trabalho na unidade de saúde de Pataias.
A prestação dos profissionais da USF, que trabalham por objetivos e recebem em função dos resultados, é, de resto, escrutinada com regularidade, como acontece com todas as unidades similares. Os resultados, a que o REGIÃO DE CISTER teve acesso, são claros. Na análise à “facilidade de acesso aos serviços”, a USF Pinhal do Rei alcançou uma pontuação de 85,5%, enquanto o número de utentes que tiveram de ser encaminhados para urgência hospitalar é “muito baixo”, o que coloca a classificação no “score máximo”.
O mesmo sucede no indicador “internamentos evitáveis”, na “taxa fratura colo fémur”, na “medicação em unidade funcional diferente” e na “medicação em médico privado”. “São indicadores que dizem como estamos. Além do desempenho clínico, somos avaliados por questões organizacionais”, esclarece o médico, que vê a explicação para o sucesso também nas horas que os profissionais dedicam à causa. “Muitas vezes às 8 da noite ainda estão os nossos carros no estacionamento. Fazemos todos horas a mais”, conta o coordenador, que explica também que a USF recorre, em muitos casos, a teleconsultas – uma herança da pandemia -, que ajudam a aliviar a afluência à unidade.
A USF criou condições para a constituição de uma associação de utentes, que já tem espaço cedido pela Junta. “É muito importante a participação dos cidadãos”, considera o clínico, que apela à adesão dos utentes e lembra que na Assembleia Geral da USF “todos têm assento e direito a voto por igual” na tomada de decisões.