O “maior investimento de sempre” no concelho de Alcobaça deverá ser uma realidade na vila de Pataias, onde a empresa Madoqua Synthetic Fuels, com sede em Sines, pretende instalar uma central de produção de hidrogénio verde no valor de mil milhões de euros. O projeto recebeu parecer positivo do executivo municipal na última reunião pública de Câmara e tem pela frente várias outras entidades.
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É um projeto de investimento com o estatuto de Potencial Interesse Nacional (PIN), que prevê a construção da central entre a pedreira da Secil e a rotunda dos Bombeiros de Pataias, com frente para a EN242 e para a Avenida 1.º de Maio, na Alva.
De acordo com o projeto a que o REGIÃO DE CISTER teve acesso, o hidrogénio verde em Pataias é produzido através do aproveitamento do dióxido de carbono (C02) das fábricas de cimento de Pataias e da Maceira da Secil, bem como com recurso à maior Estação de Tratamento de Águas Residuais da região, no Coimbrão. A Águas do Centro Litoral concordou em fornecer até 9 mil m3 por ano de águas residuais tratadas para reutilização, em vez de serem descarregadas no rio Lis. O processo implica a construção de uma conduta de 40 quilómetros desde a ETAR de Coimbrão até à fábrica de Pataias. A água será encaminhada para uma estação elevatória, na ETAR de Coimbrão, e conduzida para a Synfuels Pataias para posterior utilização no processo de produção de metanol verde.
O projeto envolve a produção de hidrogénio verde a partir da eletrólise da água, e de metanol verde, renovável, “através do processo de hidrogenação direta do CO2 ou através da redução parcial de CO2 para gerar gás de síntese e conversão de síntese em metanol”, lê-se no documento, que acrescenta que “uma singularidade deste projeto reside no seu método inovador de produção de hidrogénio e metanol que não emite qualquer gás nocivo para a atmosfera”.
“Não tenho a menor dúvida que é um projeto com uma dimensão gigantesca. Estamos a falar do maior investimento de sempre no concelho de Alcobaça”, festejou o presidente da Câmara, que deixou, no entanto, algumas recomendações ao projeto. Hermínio Rodrigues defende que a fábrica deve recuar 25 metros no terreno, de forma a ficar mais afastada das habitações das imediações, e pretende ainda que a estação de tratamento de águas fique também mais distante do aglomerado urbano. Os vereadores da oposição elogiaram o projeto e votaram ao lado da maioria social-democrata.
Na fase de desenvolvimento do projeto, a empresa contará com 23 profissionais, entre engenheiros e consultores. No período de construção, prevista para decorrer durante dois anos, “o emprego será crescente e, em pleno funcionamento”, a Madoqua Synthetic Fuels prevê que a fábrica empregue 245 colaboradores.
Pataias é considerada uma localização estratégica. Permite a rápida saída logística para exportação ou consumo interno de metanol verde, dada a distância ao Porto de Aveiro, ao Porto de Sines e à Companhia Logística de Combustível em Aveiras de Cima. “Possui acesso a uma linha ferroviária desde a fábrica em Pataias até aos dois portos”, descreve o documento.
Além da empresa Madoqua Synthetic Fuels, entre os investidores está a empresa Secil e vários parceiros internacionais.