Há cinco meses, Tânia Leal Ferreira, 44 anos, recebeu um telefonema inesperado, que lhe mudou a vida. Soube que era compatível com uma pessoa doente com leucemia e a sua medula óssea podia salvar essa vida. Ficou radiante.
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Há cerca de uma década, a nazarena radicada em Pataias inscreveu-se como dadora, na ocasião para responder ao apelo para ajudar uma pessoa da Marinha Grande. Quando foi contactada, em março último, estava longe de imaginar que tanto tempo depois ia ser convocada para tão nobre missão. “Perguntaram-me se estava disposta a doar, disse logo que sim”, conta Tânia, que não esconde a alegria que sente por poder fazer a diferença.
Depois da primeira abordagem telefónica, seguiram-se questionários, uma mão cheia de exames, análises e toda uma série de procedimentos que confirmaram que, de facto, Tânia era compatível e que estava em perfeitas condições de saúde para doar. “Até a conduzir passei a ter mais cuidado, só a pensar que outra pessoa dependia de mim para viver”, lembra a nazarena.
A validação veio a 31 de maio, seguiu-se uma última consulta e a tão esperada doação aconteceu no dia 30 do mês passado. “Demorou umas horas e não custou nada”, conta a dadora.
Tânia ficou a saber que existem duas formas de doar as células progenitoras ou células-mãe da medula óssea. Uma é através da coleta das células diretamente da medula óssea (nos ossos da bacia) e a outra, chamada aférese, acontece por filtração de células-mãe que passam pelas veias. Foi este o procedimento utilizado no seu caso.
“Só tenho bem a dizer do IPO do Porto”, elogia Tânia, que vai ser seguida durante os próximos cinco anos naquela unidade de saúde. “Fazem-nos sentir como heróis”, resume.
A dadora garante que nunca sentiu qualquer dor ou desconforto. “Não custa mesmo nada. A única coisa que se perde é tempo”, brinca a nazarena, que defende que “mais pessoas deviam inscrever-se” porque, como ela bem sabe, “é muito bom salvar uma vida”. Se for novamente chamada, não hesitará, assegura Tânia, que também aprendeu que, após a doação, o organismo fica restabelecido ao fim de 15 dias.
Recebeu apoio e incentivo da família, dos amigos e da entidade patronal. “Foram excelentes e sei que estão orgulhosos de mim”, confessa. É também sem embaraço que admite que se sente especial. “Afinal, fui escolhida para salvar uma vida”, remata a nazarena.
Tudo é feito de forma anónima, tanto para quem dá como para quem recebe. “Nunca se sabe para quem é ou sequer se é para dentro ou fora do País, mas é claro que há sempre essa curiosidade”, confidencia a dadora, que pediu para lhe darem conta da evolução do estado de saúde da pessoa recetora.