“Audaz”, “Princesa do Mar”, “Viveiro”, “Mibru”, “Patrão Lopes”, “Chavasca” e “Oceanauta”. São alguns dos nomes das embarcações que marcaram, e marcam, a vida marítima de São Martinho do Porto e da Nazaré e que estão expostas no Baú das Memórias, em Alfeizerão. Logicamente, em formato de miniatura e através da arte manual de Jorge Abreu, um antigo profissional da metalomecânica que há mais de 40 anos se dedica ao modelismo naval e que agora deu vida e forma à exposição “Do Barco à Réplica”, em exibição naquele equipamento cultural da freguesia até ao final deste mês.
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Tratam-se de réplicas dos modelos, que reproduzem à escala as embarcações que fazem parte “da memória ou da história coletiva” da chamada região de Cister.
E tudo começou por carolice, conforme explica o lisboeta que viria a “casar-se em São Martinho do Porto”, onde viveu 40 anos antes de se mudar para Salir do Porto, freguesia “vizinha”, mas que já pertence ao concelho de Caldas da Rainha. “Alguns destes barcos conheci mesmo por dentro, sei como eram feitos e comecei a tentar construí-los em miniatura”, explicou ao REGIÃO DE CISTER, dando conta das “milhares de horas” que já dedicou às embarcações – “é impossível quantificar”, relatou – e que resultam em muito trabalho. “Não só manual, mas também de pesquisa”, acrescentou o artista, de 69 anos. “Era e é assim que me ocupo durante o inverno, em que não podemos sair de casa com tanta regularidade como acontece durante a época de verão”, justificou Jorge Abreu, que se assume como um “curioso amador de modelismo naval”.
No Baú das Memórias, estão expostas mais de uma dezena de embarcações, algumas das quais também alusivas à vida marítima em pleno Tejo. É, de resto, a primeira vez que Jorge Abreu, que já goza da reforma, expõe os seus trabalhos. Na verdade, chegou também a expor no Posto de Turismo de São Martinho do Porto, mas em número muito reduzido.
Ao longo de mais de quatro décadas, elaborou mais de 30 embarcações, parte delas estão apenas em sua casa.
Sobre o futuro, a ideia passa por continuar a trabalhar a arte do modelismo naval, tal como comprovou uma familiar que se encontrava a apreciar a exposição aquando da entrevista: “é só chegar o inverno e lá volta ele aos barcos”, atirou.
Pai de um filho e avô de dois netos, Jorge Abreu, que herdou do pai a habilidade para os trabalhos manuais, afiançou que esta “carolice” não terá continuidade nos descendentes, mas espera que estes, pelo menos, “possam dar valor ao espólio” ali exposto.
Até porque a história naval de São Martinho do Porto, que até chegou a ter um estaleiro, está explanada, em parte, nesta mostra de miniaturas de barcos que remonta ao início do século passado e que é uma verdadeira… relíquia.