A Casa Museu do Pescador no centro da vila, numa das muitas artérias típicas da Nazaré, precisa de ser requalificada brevemente, alerta a proprietária e filha do fundador, que apela à Câmara apoio para a intervenção.
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O telhado e o chão da casinha da Rua Joaquim Bernardo Sousa Lobo estão à beira do colapso. Chove lá dentro e o piso, que recria o das casas antigas dos pescadores, apresenta desníveis que preocupam Marilda Águeda.
A Casa Museu do Pescador era um sonho antigo de Manuel Limpinho Águeda, que o nazareno cumpriu há 26 anos, quando o espaço foi inaugurado. “Ele tinha muito orgulho”, confidencia a filha. Ao longo de décadas colecionou quase tudo do mundo da faina. A história de Manuel Limpinho é a de uma vida de dificuldades e trabalho. De uma família de pescadores, perdeu o pai aos 9 anos, o que o forçou a abandonar a escola, na 3.ª classe. A mãe precisava da sua ajuda para providenciar para os outros 12 filhos.
Decorria a II Guerra Mundial e as privações sentiam-se também em Portugal. “Passou fome”, relata a filha.
Foi já no início da década de 1960, depois de uma vida de provações, que Manuel Limpinho, depois de visitar a Feira de Agricultura de Santarém, teve a ideia de instalar na sua terra uma casinha típica nazarena. Conseguiu concretizar o sonho em 1998. “Foi uma vida inteira a colecionar”, conta Marilda Águeda, que lembra que o pai sempre dedicou muito de si à coleção e “ia, por exemplo, ao mar molhar as cestas de verga e os tamancos para conservar porque a água salgada afasta o bicho”.
Os barcos em madeira, feitos em miniatura e à escala real, são das peças que mais impressionam no museu. Os detalhes de todos os componentes das mais diferentes embarcações de pesca impressionam. Aos vários exemplares, juntam-se redes, boias e toda a parafernália da pesca, trajes típicos, conchas e outras recordações do mar. A peça mais antiga do espólio, muito do qual está armazenado, tem cerca de 100 anos.
“Temos muito interesse que a casa museu se mantenha, mas não podemos fazer mais do que já fizemos”, refere o presidente da Câmara ao REGIÃO DE CISTER. Manuel António Sequeira lembra que o Município adquiriu várias peças do espólio, como foi acordado com Manuel Limpinho Águeda.
Manuel Limpinho Águeda venceu três cancros, mas não resistiu a uma pneumonia, vindo a falecer, aos 88 anos, em janeiro deste ano. Deixou um importante legado sobre a cultura da Nazaré.