O suspeito da morte de um homem na Fervença foi detido, no passado dia 12 de fevereiro, na zona de Lisboa, pela Polícia Judiciária (PJ), através do Departamento de Investigação Criminal de Leiria.
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A agressão que levou ao crime de homicídio qualificado, a 23 de novembro de 2020, terá sido motivado pelo facto de “o suspeito saber que o idoso guardava todo o seu dinheiro em casa”, avança a PJ, em comunicado.
Após o conhecimento dos factos, a Judiciária “iniciou, de imediato, diligências de investigação, que se mantiveram persistentemente durante quatro anos”. “O trabalho permitiu a recolha de um relevante acervo de prova, nomeadamente vestígios suscetíveis de tratamento e análise científica, bem como a identificação do autor, vizinho da vítima”, lê-se na nota de imprensa.
Sobre a identificação do suspeito, a autoridade explica que resultou “dos exames no local e das perícias efetuadas pelo Laboratório de Polícia Científica da PJ”, tendo sido “produto de uma coincidência a nível internacional no âmbito do Tratado Prüm”, com a colaboração do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses e das autoridades francesas, no âmbito da cooperação internacional.
A PJ acrescenta ainda que o suspeito, de 58 anos, já era procurado pela autoridades de França pela prática de um crime de roubo agravado, ocorrido no ano de 2016. Na sequência da emissão de mandados de detenção pelo Ministério Público, pela PJ de Leiria, o titular da ação penal foi detido “fora de flagrante delito”, na zona de Lisboa, para onde o autor foi residir após alegadamente ter cometido o homicídio qualificado no concelho de Alcobaça.
O arguido foi sujeito a primeiro interrogatório judicial no Juízo de Instrução Criminal na passada quinta-feira, para aplicação de adequadas medidas de coação. “Verificando-se a existência de perigo de fuga e de perturbação grave da ordem e tranquilidade públicas, no seguimento de promoção do Ministério Público”, lê-se no site da Comarca de Leiria, foi determinado que o arguido aguardasse os demais termos do processo sujeito, cumulativamente, às obrigações decorrentes do termo de identidade e residência (TIR) e a prisão preventiva.
À data do crime, confirmou o comandante do Destacamento Territorial de Caldas da Rainha ao REGIÃO DE CISTER, a vítima, de 75 anos, foi encontrada na “parte exterior da casa com as mãos e os pés amarrados e um saco na cabeça”, mostrando sinais “de que não tinha sido morte por enforcamento”.
Com base no relatório pericial de criminalística (vestígios biológicos), no processo considerou-se fortemente indiciado que, no dia 23 de novembro de 2020, no interior da residência da vítima, “o arguido desferiu-lhe diversas pancadas com um objeto não concretamente apurado, atingindo-o em diversas partes do corpo”, avança o Ministério Público.
Na mesma ocasião, “imobilizou e manietou o ofendido, amarrando-lhe os pulsos e os tornozelos”. Além do mais, “amordaçou-o, tapando-lhe a boca”, lê-se na mesma nota.
O suspeito, Carlos Sousa, é conhecido de muitos alcobacenses por se vestir de D. Pedro em frente ao Mosteiro de Alcobaça. Os Amigos do Mosteiro de Alcobaça (AMA) chegaram até a oferecer-lhe uma farda para que o figurino se pudesse apresentar com uma roupagem mais parecida possível com a usada no final do século XIV.
A investigação vai prosseguir sob direção do Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal de Leiria, com a coadjuvação da Polícia Judiciária de Leiria.